As Meninas
Já não sei como foi, mas há 8 anos, mandatado pelos meus dois sócios da Três Sinais Editores, consegui que Agustina e Paula Rego aceitassem ser co-autoras de um livro chamado “As Meninas”. Ofereceram-me – creio que por pura piedade – os seus melhores talentos; uma a escrita, outra a pintura.
O livro, com o impressivo formato de 33x33 cm, capa de pano, papel fantástico, deixava correr, ombro a ombro, a pintura infantil e cruel de Paula Rego e um texto inqualificável e extravagante de Agustina. Com grafismo de Luís Miguel Castro, foi o mais belo livro que os meus amigos (os outros dois sinais) e eu já publicámos.
Era um belo livro, como ainda hoje me diz um dos homens com maior experiência editorial em Portugal; “o mais belo dos últimos 30 anos da edição portuguesa”, faz ele questão em sublinhar.
Publicámos e esgotou. Era para ser edição única, mas acabaram por ser duas. Esgotou outra vez e nunca mais se publicou, porque a raridade era conditio sine qua non.
Quem tem, tem, mas para quem não tem, agora que a Três Sinais é uma das colecções da Guerra e Paz, decidimos reeditá-lo, mantendo-lhe a intocável beleza, mas fazendo-o menos objecto, mais livro. Capa dura, lombada em tela, um grafismo clássico e nobre, “As Meninas” volta a iluminar as livrarias portuguesas. Até aqui limitei-me a publicitar, com fingida candura e insidioso interesse, uma nova aposta da minha editora. Não era preciso. “As Meninas” não é um livro. É, entre imagens e texto, um filme, um thriller. Basta ler: “As Meninas de todas as idades mostram-se na obra de Paula Rego, têm o rosto das criadas que andavam pela casa da Ericeira e que tinha duras mãos capazes de assassinarem alguém”.
Agustina escreve de forma insidiosa e violenta – “Ouvi a voz de Paula Rego ao telefone e a voz dela não me agradou”.
O livro, com o impressivo formato de 33x33 cm, capa de pano, papel fantástico, deixava correr, ombro a ombro, a pintura infantil e cruel de Paula Rego e um texto inqualificável e extravagante de Agustina. Com grafismo de Luís Miguel Castro, foi o mais belo livro que os meus amigos (os outros dois sinais) e eu já publicámos.
Era um belo livro, como ainda hoje me diz um dos homens com maior experiência editorial em Portugal; “o mais belo dos últimos 30 anos da edição portuguesa”, faz ele questão em sublinhar.
Publicámos e esgotou. Era para ser edição única, mas acabaram por ser duas. Esgotou outra vez e nunca mais se publicou, porque a raridade era conditio sine qua non.
Quem tem, tem, mas para quem não tem, agora que a Três Sinais é uma das colecções da Guerra e Paz, decidimos reeditá-lo, mantendo-lhe a intocável beleza, mas fazendo-o menos objecto, mais livro. Capa dura, lombada em tela, um grafismo clássico e nobre, “As Meninas” volta a iluminar as livrarias portuguesas. Até aqui limitei-me a publicitar, com fingida candura e insidioso interesse, uma nova aposta da minha editora. Não era preciso. “As Meninas” não é um livro. É, entre imagens e texto, um filme, um thriller. Basta ler: “As Meninas de todas as idades mostram-se na obra de Paula Rego, têm o rosto das criadas que andavam pela casa da Ericeira e que tinha duras mãos capazes de assassinarem alguém”.
Agustina escreve de forma insidiosa e violenta – “Ouvi a voz de Paula Rego ao telefone e a voz dela não me agradou”.
Para dizer o que se deve dizer, Agustina escreve um dos melhores textos que um homem de letras (devo dizer, nenhum homem de letras) já escreveu a partir da pintura. Tomara Diderot. Tomara o pobre do Breton. "O desenho é uma pronúncia, como a da fala”, argumenta Agustina. E depois: “A obra de Paula Rego parte das Meninas como um barco para o país da Utopia. É rodeada por toda a espécie de animais que a protegem e falam com ela. Paula dizia que, não tendo imaginação, precisava de a ir colher aos livros e às histórias dos outros, recebendo da infância uma enorme arca de mentiras e coisas extraordinárias de que fez o seu Jardim.” Não acreditem em mim, leiam.
1 comentários:
Meninas é uma hiperbole. Velhinhas seria mais adequado. Mas gosto muito da Agustina com santanette. E aquele quadro que a Rego vendeu ao Sampaio, muito bom, muito bom...
Para quem se interessa pela visão económica das coisas. Sei que são vídeos um bocado longos, é preciso tempo e disponibilidade, mas dão vontade de viver só para ver o desfecho de tudo isto. Ou, como Keynes, não há desfecho.
Há uns anos todos riam-se de Peter Schiff. Pois, ele continua a não embarcar no bailout e não acredita na salvação oh!bamística da economia.
Em vez do bailout, a administração Wbush devia ter reforçado o orçamento do Exercíto de Salvação para abrir Sopa dos Ricos, no mesmo modelo da Sopa dos Pobres, mas com menu e comezainas para cima de lagosta.
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