terça-feira, 16 de setembro de 2008

Diet Coke or New Coke?


Escrevo de uma executive suite da Harvard Business School (sem cedilhas nem acentos), que apesar do pomposo nome, e’ um espartano quartinho com aguas quentes e frias no coracao do campus universitario e onde nao tenho sequer uma televisao onde possa presenciar ao serao o espectaculo vivo que este curioso pais chamado Estados Unidos da America proporciona aos seus cidadaos. Cidadaos esses, que hoje observam estupefactos e esperemos de forma particularmente humilde o colapso das algumas das suas mais queridas e aparentemente ate' aqui inabalaveis instituicoes privadas. Estou aqui reunido com lideres da industria farmaceutica e na companhia de alguns professores da HBS faculty (pagos de forma absolutamente obscena) procurando perceber como salvar esta industria dos horrores do inverno que se aproxima.

Sem televisao dizia, decidi pois entreter-me folheando o “The Harbus”, orgao oficial de comunicacao dos estudantes independentes desta universidade e que apresenta como artigo de fundo – “Sarah Palin – Diet Coke or New Coke? “

Deste maravilhoso e perfido artigo que se desenvolve ao estilo de um verdadeiro HBS case study, destaco os paragrafos de abertura e conclusao:

“This year's 2008 election is starting to look a lot like a certain RC strategy case: Cola Wars. There is the election's Coca-Cola, a historic and trusted brand, in John McCain. There is Pepsi, a youthful and fresh new brand, in Barack Obama. And there is Sarah Palin, John McCain's brand extension - his Diet Coke...”

“In the end, who knows? But one thing is for sure. Selecting a woman like Sarah Palin to be your running mate in this election year has little to do with politics. It is just damned good marketing.”

Considerando que as encomendas feitas ao distribuidor Americano dos oculos que usa a Palin, quadruplicaram desde o fecho da convencao republicana, os diligentes estudantes de Harvard estao aquilo que se podia dizer “right on the mark”!

Para quem estiver interessado(a), os ditos oculos sao made by Kazuo Kawasaki. Cabeleiras Palin Style podem tambem ser encomendadas on-line em Wigsalon.com

2 comentários:

Anónimo disse...

Vasco, o fenómeno é preocupante. Ao longo da última semana tive a oportunidade de acompanhar de perto (embora sem cedilhas nem acentos) a campanha americana. Óculos e cabeleiras à parte (embora aquela cabeleira seja de tirar o sono a um homem!), o que preocupa não é tanto que uma campanha moderna dê primazia ao marketing. O que preocupa é que tudo sacrifique ao marketing. A Coca-cola, diet ou desafeínada, sempre baseia o seu sucesso numa fórmula velhinha (bizarra, é certo)de cem anos que fez o seu caminho, sem grande marketing nem publicidade, muito antes de se tornar na marca global que é hoje.
Sarah Palin - basta uma semana de imersão na campanha - é absolutamente desqualificada e vazia de conteúdo. Mas o que me preocupa é que lhe encontro aquela certeza determinada no olhar que é própria dos muito ignorantes. Se o que estivesse em causa fosse escolher o melhor cabeleireiro de Wasilla, a coisa já seria deprimente. Para o trono do Mundo, a coisa é, para usar um eufemismo, muitíssimo perigosa.

JP Guimarães disse...

Óh amigo Pedro, não me diga que está preocupado com a entrada em cena da ex-miss Sarah? Com os efeitos positivos que tenha na campanha do (meu) McCain ou os negativos na do (seu) Obama? A verdade é que é o marketing que tem feito viver (e como tem vivido!) a campanha de Barack Obama. Quanto ao ser vazia de conteúdo é, curiosamente, aquilo de que acusavam o Obama ainda há tão pouco tempo. Give the girl a chance!