quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A quem tal possa interessar...

Álvaro Pais, como é sabido, foi um político hábil que, à volta do Mestre de Aviz, soube congregar o povo e os vários partidos nacionais que então estavam em oposição. O seu desígnio, porém, foi nacional, e por isso a história lhe perdoa as manhas.
Já o mesmo não se poderá dizer de alguns políticos de hoje, que, no seio dos seus Partidos, tudo fazem para eleger os seus próprios mestres segundo lógicas exclusivamente pessoais. Podiam bem ser suas as palavras de Álvaro Pais, que, logo após a tomada de Lisboa, indicava ao futuro rei como havia de ganhar o poder. Entre ambos, porém, há a enorme diferença de que uns quiseram erguer um reino, que é o nosso, enquanto os outros não sabemos ao que vêm.
Aqui ficam as palavras, para quem tal possa interessar:

«As cobiças andavam acesas, e Álvaro Pais, com a sua experiência manhosa, aconselhava o Mestre:
– Senhor, fazei por esta guisa: dai aquilo que vosso não é; e prometei o que não tendes, e perdoai a quem vos não faltou... Ser-vos-á de grande ajuda neste negócio em que sois posto.
O Mestre seguia pontualmente o conselho, perdoando tudo, dando tudo, prometendo tudo.»*

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* Oliveira Martins, A Vida de Nun´Álvares, Ed. Guimarães, Lisboa, 1955, pág. 130.

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