I. Ti Manel e Ti Jaquina
Julgava que este tipo de literatura já tinha acabado. Uma em que as personagens são Ti Manel e Ti Jaquina. O dito realismo português consagrou muitas destas personagens, muitas vezes com bom estilo, mas mais vezes ainda com alguma tacanhez. Não é realismo. Apenas miserabilismo.
O argumento é bem conhecido. O escritor X aparentemente fala apenas do seu bairro mas o seu bairro é uma metáfora para o mundo, e é pois da humanidade inteira que fala. Falso. Se fala apenas do seu bairro é porque nada mais conhece. O espécime que reconhece é apenas extrapolado e de forma arbitrária. A diversidade da experiência humana é-lhe desconhecida. O seu espírito é imperialista. Pretende impor à humanidade inteira como paradigma o seu bairro.
Vivia na ilusão que já tinha desaparecido este tipo rotineiro de literatura. Para um texto ser literário teria de ter Tis (masculino) e Tis (feminino). É evidente que o realismo francês do século XIX tinha vários “pères”, o mais famoso o “Père Goriot”. Há mesmo quem tenha transformado a experiência popular em epopeia, como Visconti, que criou o realismo no cinema, para rapidamente o deixar a figuras amantes da repetição.
O problema não é o de meter Tis na literatura. Já se meteram coisas bem piores e com algum efeito e sentido. O problema é que se acha que a literatura necessita, exige, não vive sem Tis. Além de imperialista esta literatura é impositiva. De modo escondido, traficado, normativa. O Ti não é sinal de liberdade, mas um lugar comum imposto.
Nada tenho contra elementos normativos na literatura. A grande literatura não vive sem elas. A criação humana não se põe em pé sem regras. O problema é a qualidade das regras e a maestria do seu uso. O Ti como paradigma em vez de Apolo terá sempre um pequeno problema. Respira ar menos elevado e é menos bonito. Para quem gosta e para quem lhe basta tanto melhor. Citando a boa da rainha Cristina da Suécia: “non mi bisogna e non mi basta”.
Qual é o paradigma de vida destes cultores de Tis? Ti Manel, Ti Jaquina. Faltam letras, é bom de se ver. Porquê? Porque estes autores alimentam-se delas. Parca dieta para parcimoniosos resultados. Se é certo que a literatura sempre foi mais feita por quem tem a barriga saciada, nem sempre isso é assim. Mas também não deixa de ser verdade que, mais ou menos esfomeado que seja o escritor, se é bom, percebe que é frutificador de letras e não seu predador. Se vive de as comer errou na vocação.
O argumento é bem conhecido. O escritor X aparentemente fala apenas do seu bairro mas o seu bairro é uma metáfora para o mundo, e é pois da humanidade inteira que fala. Falso. Se fala apenas do seu bairro é porque nada mais conhece. O espécime que reconhece é apenas extrapolado e de forma arbitrária. A diversidade da experiência humana é-lhe desconhecida. O seu espírito é imperialista. Pretende impor à humanidade inteira como paradigma o seu bairro.
Vivia na ilusão que já tinha desaparecido este tipo rotineiro de literatura. Para um texto ser literário teria de ter Tis (masculino) e Tis (feminino). É evidente que o realismo francês do século XIX tinha vários “pères”, o mais famoso o “Père Goriot”. Há mesmo quem tenha transformado a experiência popular em epopeia, como Visconti, que criou o realismo no cinema, para rapidamente o deixar a figuras amantes da repetição.
O problema não é o de meter Tis na literatura. Já se meteram coisas bem piores e com algum efeito e sentido. O problema é que se acha que a literatura necessita, exige, não vive sem Tis. Além de imperialista esta literatura é impositiva. De modo escondido, traficado, normativa. O Ti não é sinal de liberdade, mas um lugar comum imposto.
Nada tenho contra elementos normativos na literatura. A grande literatura não vive sem elas. A criação humana não se põe em pé sem regras. O problema é a qualidade das regras e a maestria do seu uso. O Ti como paradigma em vez de Apolo terá sempre um pequeno problema. Respira ar menos elevado e é menos bonito. Para quem gosta e para quem lhe basta tanto melhor. Citando a boa da rainha Cristina da Suécia: “non mi bisogna e non mi basta”.
Qual é o paradigma de vida destes cultores de Tis? Ti Manel, Ti Jaquina. Faltam letras, é bom de se ver. Porquê? Porque estes autores alimentam-se delas. Parca dieta para parcimoniosos resultados. Se é certo que a literatura sempre foi mais feita por quem tem a barriga saciada, nem sempre isso é assim. Mas também não deixa de ser verdade que, mais ou menos esfomeado que seja o escritor, se é bom, percebe que é frutificador de letras e não seu predador. Se vive de as comer errou na vocação.
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