quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Briseida, a pelada ( continuação)

" - És bela tu, podia dizer-te que te deitasses comigo uma hora, mas não é nada disso que tu queres, pois não?" - Repetiu Aquiles.
Estavam sentados de frente. Aquiles tinha puxado bruscamente um banco para pousar as pernas. Briseida estava sentada com as costas direitas, a cabeça baixa, olhava as mãos. Via o queixo dele apontado na sua direcção e dois olhos de ferro.
Quando ela ouviu de novo a mesma frase, levantou a cabeça e disse:
" - Que é isso, uma hora?"
" -É o tempo que levam os Deuses a piscar os olhos" - respondeu Aquiles a rir.
Briseida ouviu a resposta em silêncio, depois levantou-se. Aquiles levantou-se também. Briseida virou-se para saír, ficando à distância de um sopro dele. Olharam um para o outro. Aquiles sorriu. Briseida saíu em passo apressado. De narinas dilatadas e cabeça levantada, aquele homem lembrava-lhe um cavalo que o pai tinha no estábulo.

Por ora, a nossa história fica assim. Retorna com o solstício. Veremos o que faz Briseida com um ano inteiro.

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