sábado, 6 de setembro de 2008

Briseida, a pelada ( continuação)

Para a ocasião, o rei Aga chamou Aquiles para jantar na sua tenda. A noite era auspiciosa, de quarto crescente, limpa e fria. No exterior, as fogueiras ardiam, os homens estavam de guarda. Aquiles atravessou o acampamento, saudando todos com mão firme e rosto distendido. Passou pelos gurdas e entrou na tenda do rei.
Cumprimentaram-se com um abraço. Sentaram-se lado-a-lado. A um sinal do rei, a ceia começou a ser servida. Falaram sobre os tempos em que ainda jovens corriam soltos, varando distâncias e profundezas. Lembraram batalhas, guerras e alguns companheiros que tinham atravessado o rio sem retorno.
Três músicos tocavam a um canto da tenda, enquanto os criados entravam e saíam, servindo comida e bebida.

Na tenda das mulheres, Briseida era preparada. As mulheres cuidavam dela em silêncio. Depois do banho, esfregaram-na com óleo emoliente, colocaram-lhe a túnica verde bordada a ouro. Sentada, foi penteada, os pés e as mãos, cuidadosamente pintados, assim como os olhos e a boca. Quando acabaram, afastaram-se para ver o trabalho. Briseida estava pronta. Em silêncio, cobriram-na com o véu negro.
Briseida não sabia ao que ía, apenas lhe tinham dado a ordem.
Foi levada à tenda do rei. Entrou, ficando de pé defronte dos dois homens.
" - A partir de hoje, pertences a Aquiles." - Disse o rei Aga a Briseida.
Aquiles olhou primeiro para Aga e depois para Briseida em assentimento.
E porque Aquiles se levantasse, o rei deitou-lhe o braço, dizendo:
"- Espera, sempre gostaria de ver aquilo de que abdico."
" - Aga, se nem eu sei aquilo que quis, porque hás-de tu conhecer o que já te não pertence?"

Briseida, enrolou o véu, tirando-o completamente. Os dois homens olhavam para ela e ela para eles. Aquiles calou-se. Por instantes, os olhos agudos, a boca fechada, o corpo hirto. Depois sorriu: " - Meu amigo, a tua magnificência não conhece limites. Deste-me a Ásia inteira."
Virou as costas, começando a andar. Disse: " - Vem!"
Briseida, seguiu-o, entrando na tenda de Aquiles dois metros depois dele.
Aquiles sentou-se, fazendo-lhe sinal que se sentasse à sua frente.
Ainda Briseida mal se havia sentado quando Aquiles diz:
" - És bela tu, podia dizer-te que te deitasses comigo uma hora, mas não é nada disso que tu queres, pois não?"

( a continuar)

3 comentários:

Anastácio Soberbo disse...

Olá, gosto do Blogue.
É bonito e bem feito.
Um abraço de;
Soberbo

Manuel S. Fonseca disse...

Noites auspiciosas, óleos emolientes e túnicas bordadas a ouro...
E depois queixem-se de que aqui, pelo blog, apareçam coisas.
Só há uma coisas que me encanita: proque é que a túnica de Briseida havia de ser verde? É cor que desanima o mais rijo e faíscante dos guerreiros, mesmo que seja da têmpera de Aquiles.

Sofia Rocha disse...

Primeiro, a rapariga era uma fashionista antes do tempo. Segundo, encarnado ou azul é que nunca!