sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Os dedos e os anéis



A sequência dos acontecimentos que envolveram a comunicação ao País do Presidente da República é eloquente sobre o sistema que atravessa a sociedade e que estabelece no topo da hierarquia o interesse dos media, depois o interesse dos «tradutores com opinião», depois o interesse da maioria dos portugueses e, finalmente, o interesse de Portugal.

  1. Fuga de informação para o Público sobre a intenção de o PR fazer uma comunicação ao País, sexta-feira, 31 de Julho e respectiva manchete no jornal do dia. Casa Civil confirma. Não é dado o assunto apenas a hora e a duração da intervenção.
  2. Frenesi mediático com leilão de apostas sobre o assunto: questão de vida e de morte do Presidente da República, inclusivé. Mesas com analistas nas rádios e televisões. Exitação dos que são pagos para suporem realidades. Crescendo das expectativas. Clima de País com o destino suspenso sobre as palavras prometidas para os primeiros cinco minutos depois das oito da noite. «Bombom» mediático no último dia de Julho quando apenas os fluxos dos veraneantes seríam notícia. 13 hora de produção de ansiedades - garante de audiências.
  3. Comunicação ao País sobre o novo Estatuto da Região Autónoma dos Açores, votado por todos os partidos do arco parlamentar em ano de eleições na Região. O Chefe de Estado entende que é perigoso precedente as leis ordinárias alterarem, gradual e subrepticiamente, os poderes dos Orgãos de Soberania; fá-lo depois de o Tribunal Constitucional ter detectado oito falhas no diploma (que não esta); mostra que os poderes do Presidente da República não estão sujeitos a este tipo de investidas aprovadas por todos os que não desagradam ao povo nas vésperas das eleições. Enfim: considera que matérias de coesão nacional, consolidadas ao mais alto nível na Constituição da República, não são sufragáveis por «dá lá aquela palha». Porta-se como fiel garante da instituições democráticas, como jurou ser e razão pela qual foi eleito e exerce funções.
  4. Desilusão total. O primeiro anel de opinion makers, constituído em cada TV e rádio por jornalistas, é demolidor para com o PR. Está desorientado. Cheguei a ouvir um deles dizer «Não sei o que é isto, nem do que se trata (Estatuto dos Açores) 99% dos portugueses também não sabe». Como se a gravidade dos assuntos tivesse, obrigatoriamente, alguma relação com o conhecimento alargado numa determinada população, com ilustração mediana.
  5. Segundo anel de analistas já não constituído por jornalistas mas por politólogos e políticos. Imperam as considerações de Estado do ponto 3 mais do que o carrocel emocional desfeito por um assunto «tão desinteressante».

O tabu de Cavaco é irritante e dispensável. O homem podia perfeitamente ter dito qual era o assunto. Mas não tinha que o fazer e não pode ser responsabilizado pela ansiedade que os media geraram e potenciaram ao longo do dia. Como político conhece e trabalha com o papel e o impacto dos seus actos nos media. Mas como Chefe de Estado não tem que se subordinar à sua lógica cada vez mais vinculada aos interesses de audiências e à exploração de crescendos emocionais, do que ao valor factual, não expeculativo, da matéria noticiosa.

3 comentários:

Sofia Galvão disse...

Impressiona-me que, num país de democracia tão recente e no qual, mesmo depois de conquistada a liberdade, só progressivamente veio a estabilizar-se o equilíbrio de poderes que define o nosso sistema de governo, as preocupações do Presidente da República possam ter sido ouvidas como coisa inusitada, expressão idiossincrática de desproporcionado incómodo...
Aliás, confesso, a quase unanimidade das críticas assusta-me. Não foram os radicais do costume, não foi o bota-abaixo de sempre. Pelo contrário, em transversal sintonia, foi a maioria dos bem pensantes, foi a maior parte da 'inteligentsia' que opina no espaço público.
E não se diga que é a consolidação da democracia que lhes permite a incompreensão. O comportanento dos seus pares nas velhas democracias permite perceber o abismo que nos separa. Por lá, a constitucionalização das grandes premissas que estruturam o sistema de governo - como daquelas que fundam a tutela dos direitos e liberdades individuais - obriga a levar muito a sério qualquer episódio que as ameace e, portanto, a sair a terreiro em sua defesa. Mas por lá, uns e outros aprenderam a valorizar a liberdade, a democracia e o Estado de Direito com a mesma naturalidade com que valorizam a vida ou o ar que respiram. Por lá, eles sabem que é precisamente o consenso acerca do que colectivamente valorizam que os obriga. Nós, pelos vistos, ainda estamos a pagar os custos da 'pesada herança'... E isso, com profunda ironia histórica, pode sair-nos caro.
(para os mais novos, fica a legenda: no imediato pós-25 de Abril, a linguagem do PREC - leia-se processo revolucionário em curso' - foi marcada pelas recorrentes referências à 'pesada herança do fascismo' a quem se atribuíam as irremíveis culpas de todos os défices, fossem eles políticos, económicos, sociais ou culturais...)

Anónimo disse...

Concordo, passe a ironia, e de facto é uma sorte termos um Presidente que nunca se engana e raramente tem dúvidas " conforme o próprio o disse ( enganou-se, por ex., acerca do "empreendimento promissor" alentejano do Sr. T. Onassis, mas isso são pormenores...) , e agora por muita razão que tenha entre os poderes da Assembleia Regional Açoreana versus Assembleia da Républica e questões afins, não diz nada em relação ao desíquilibrio de poderes, este sim o verdadeiro, factual e antidemocrático poder disparitário, e que é o disparidade do poder ilegítimo de quem manda realmente em Portugal ( e isto aconetce também em muitos outros lados, infelizmente)que é o chamado 4º( ou 1º) poder, o poder mediático que é aquele que "faz as cabeças", portanto que faz os votos no partido Y ou X.

Já agora, e como potencial votante PSD/CDS , perguntava ( se não fosse abusar e não me levar a mal perguntava-lhe se me concedia 5 minutos do seu tempo para o efeito, caso a pudesse convidar para um café) à ilustre Blogger Sofia Galvão se quando diz mais acima "consolidação da democracia" se não se terá enganado na terceira palavra, pois concordo, como muita gente, que tem havido uma consolidação de algo, sim, agora se isto assim é democracia, OK, prepare-se então o PSD para estar longos anos na oposição e para se ir entretendo a ler, enquadrados no habitual belo grafismo e belas fotos, os "opinion makers" e a opinião publicada deste e daquele nos diversos jornais e demais imprensa nacional (subtilmente e de forma a não se fazer notar, que é de resto a forma mais eficaz de controle) controlada pelo PS...

Com os melhores cumprimentos,
CCInez

Anónimo disse...

Ou está tudo maluco, ou então está tudo...maluco!
O PS deu banho ao isco testando o peixe; ou o isco mordia o peixe, ou o peixe mordia o isco. Em ambos os casos o isco é comido e o Presidente mostra que não dorme em águas calmas.
Por outro lado o magalhães parecia servir para distrair o boneco; pura distração!

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José Sócrates, Junta-se ao país e protesta contra ele mesmo enquanto o Primeiro-Ministro, num programa da SIC, promete camisas de marca às cobras que queiram mudar de pele. Foi mesmo contratado o “menino de ouro das fraldas rosas” para perfumar o ambiente com suas frondosas promessas no que será acompanhado pelas célebres “crotalus Aquilus M. Lurdessss Rodriguessssss” ao seu lado esquerdo e “Crotalus intermedius A. Jorge” que darão um show de sapateado ao som hipnótico da última geração de guizos digitais, os quais foram desenvolvidos para recriar qualquer som da preferência de qualquer eleitor. “ Aliás meus amigos, será com a nanotecnologia que 90% das microempresas contarão com mais fundos, podendo dessa forma aguentarem-se muito mais tempo no aconchego das suas falências e dos amigos formados no Plano das Novas Oportunidades; é que, meus amigos, ser um desempregado qualificado e com um canudo de pele de cascavel na mão, não é, como pretende fazer crer o silêncio da mumificada oposição, a mesma coisa que ser um desempregado qualquer sem qualquer curso ou qualificação”, apontou o Primeiro-Ministro, sublinhando a auto-estima de um formado que “agora só pede esmola à porta do Palácio de S. Bento e na Praça Afonso de Albuquerque, em Belém não aceitando esmolas inferiores a 1 cêntimo por cada alma laranja, menos de um rabo de sardinha comunista, uma água de colónia de feira do CDS, uma pedra-canabis do Bloco e ai do PS que não deixe mais de 10€! Por isso, meus amigos, está aí o Magalhães que, saberá como ninguém processar a nova geração de Socialismo Socrático. (De referir que Magalhães é o resultado da união-de-facto de um nano-neurónio extraído do enorme cérebro de um menino de ouro que ainda hoje continua a ser o objecto de estudo preferidode Eduardo Sá, com outro solitário neurónio de Eulálio Magalhães). Tal como sussurra o Psicólogo, "não sendo as crianças o melhor do mundo, são seguramente o melhor de nós próprios". Vai daí e, de “O menino de Ouro do PS” ao “Daniel e o Bicho da Lanterna” foi um salazarzinho que lhe deu.
Sócrates está mesmo a considerar a tentadora ideia do Crotalus exsul Dias Loureiro, de se candidatar ao lugar de Secretário Geral do PSD. Se dúvidas houvesse sobre a seriedade da sua candidatura, um pormenor alaranjado desfê-las por completo ao ENCETAR TRÊS VEZES conversações com o Menino de Ouro do PS para encabeçar a chefia da JSD. A única coisa que neste mundo José Sócrates teme, é que o actual Primeiro-Ministro Português tome conhecimento das suas intenções e aplique o simplex de varrimento. “O Crotalus Atrox seria bem capaz de suicidar-me, cometer um infanticídio e obrigar um militante qualquer a dar um tiro na própria mona só para saber o que custa a um chefe de governo ser traído pela própria família e, pior ainda, por ele mesmo por acreditar no paraíso de um “curto-circuito” integrado nos Rendimentos Sociais de Inserção e outros subsídios sociais". Aqui chega-se ao número 556 mil equivalendo ao número de Magalhães a fabricar e distribuir pelos futuros piratas informáticos. Porque a vida custa a quase todos.
Tudo indica que Magalhães, dos solitários neurónios extraídos a sangue frio dos tais meninos, tenha um processador de guizos hipnóticos potentíssimo, já que fez milhares de circum-navegações na cabeça de Sócrates e fará as mesmas voltas na cabeça da canalhada que levarão os pais a ficar com a cabeça à roda no fim de cada mês, nunca chegando a perceber o que se passsa, só para pagar os contratos de fidelização às empresas de telecomunicações.
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***Crotalus é um género de serpentes da família Viperidae. são terrestres e muito velozes. possuiem um guizo na cauda. Seu veneno é o mais letal e tem ações neurotóxica, anticoagulante e miotóxica sistêmica. Exemplos de ações sistêmicas: como anorexia, apatia, depressão, sonolência, anúria, coma e morte.***
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***Eulálio Magalhães, está bem de ver que talvez faça parte da Família dos Eulálios. Sabe-se que foi sujeito a múltiplas lobotomias em laboratórios altamente secretos. Assume não raro o papel de Primeiro-ministro e auxiliar de limpesa no parlamento.