segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O som de Bolden


O homem da fotografia viveu entre a década de 70 do século XIX e a década de 30 do século XX. Barbeiro de profissão, bêbedo muitíssimo competente, acabou os seus dias num hospital psiquiátrico do Estado do Louisianna. A foto, carcomida pela humidade, é o único registo que sobreviveu do homem e da sua obra. O que, convenhamos, é pena. «To say the least». Atendendo a que foi o primeiro a tocar uma música estranha, misto de blues, de gospel e de ragtime, a que anos mais tarde alguém chamaria ... jazz.
A que soaria, exactamente, o som de Bolden?

4 comentários:

Manuel S. Fonseca disse...

Copio o que Philip Larkin escreveu na sua Introduction to All What Jazz:
"...a now vanished phenomenon of twelve or fourteen players (usually identical uniformed)that was employed by a hotel or restaurant so that its patrons could dance."
Soa bem e apetece dançar.

Anónimo disse...

Excelente post e excelente informação, mas embora aprecie algumas coisas de Jazz, não sou de facto um apreciador do estilo e da sonoridade ( mas isto talvez devido a ter uma maneira de ser e de pensar muito disciplinada e organizada, fruto em parte de ser filho de um oficial do Exercito)melodicamente errática, inexistente e indisciplinada do Jazz, mas agora compreendo, dado ter sido inventada por um maluco ( que porventura na fase IIª e decisiva de expansão teve a sorte de um grande editor americano ter ido um dia beber um copo ao bar ou taberna onde ele estava a tocar e ter decidido apostar naquela música), percebe-se perfeitamente, LOL.

Com os melhores cumprimentos,
CCInez

Jorge Buescu disse...

Fantástico. Não fazia ideia. Obrigado Pedro!

E também não fazia ideia de que a história de Bolden já está num filme que ainda se espera que estreie este ano: Bolden! veja-se http://www.imdb.com/title/tt0858419/

Inez Dentinho disse...

Jazz ou o improviso do sentimento elevado a notas;
Jazz ou o fado negro que atravessa o Oceano;
Jazz ou uma bebedeira que soa bem;
Jazz ou a nostalgia indefinida de quem não conhece raiz nem destino.
Foi assim que o senti nas caves de São Francisco.
É assim que não consigo ouvi-lo nas gravações tímidas dos bares ou dos elevadores de hotel.
É assim que não o compro embora deseje recuperar esse sentimento feito de som. Em Chicago, Amesterdão ou na Praça da Alegria, em Lisboa. Vai ser difícil.
Tal como o Fado, o Jazz não comporta falta de autenticidade.