sábado, 16 de agosto de 2008

O magnânimo imperador

Depois de ler este riquíssimo post da Sofia Galvão, embora não tendo voz na matéria, por ser pobre ao pé dos ricos e rico ao pé dos pobres, a coisa ficou a moer-me. Lembrei-me de que a minha mãe me dizia, e felizmente ainda me diz, que tanto é pecado roubar dinheiro, como não se cuidar e proteger o que é legitimamente nosso.
Sabe Deus porquê – que Ele sabe, sabe, mas que Ele não me diz o que sabe, não me diz – deparei-me com uma ancestral prática chinesa que remonta à dinastia Yuan: aqueles que rasgassem as notas de dinheiro em papel eram vergastados com 100 bem aplicados golpes de cana de bambu. Pela simples e irredutível razão de que rasgar dinheiro era o equivalente a destruir documentos com o selo imperial.
Ora faz hoje, a 16 de Agosto de 2008, exactamente 624 anos, que o primeiro imperador Ming – depois de destronar a corrupta dinastia Yuan – teve um gesto de piedade. Trouxeram-lhe um casal que, no meio de desavença doméstica, rasgara as preciosas e imperiais notas. O magnânimo Hongwu ouviu as partes e concluiu que a paixão fora o motor da disputa: as notas tinham sido rasgadas sem intenção. O claro objectivo do casal era dilacerarem-se um ao outro. Pela primeira vez, na China imperial, o crime foi perdoado.
O que fazer, por isso, aos nossos mais e verdadeiramente ricos que, deixando-se empobrecer, empobrecem o país? Cana de bambu ou magnânimo e socrático perdão?

1 comentários:

andrea disse...

Defenitivamente o banbu se a reação fôr no sentido de pedir sacrificios aos mais pobres para assim recuperarem a riqueza perdida.
Se pelo contrario a reação for no sentido do investimento em soluções alternativas e nos modelos de gestão por molde a salvaguardar futuras situações semelhantes, é de assobiar para o lado e fazer de conta que não é nada.
Entretanto aconselho fortemente o investimento em banbu.
Abraços.
RA.