segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O intelectual guerreiro

Achei muito curiosa a tipologia que o Alexandre Brandão da Veiga (o único blogger da geração de 60 que, como eu, não fez férias em Agosto, como se vê) aqui nos propôs para os intelectuais.
Permito-me fazer uma nota de rodapé ao post dele e sugerir mais um tipo: o intelectual guerreiro, requerendo já o extremo favor de ninguém confundir a nomenclatura com meninos guerreiros, meninos de oiro ou afins.
Um exemplo meritório e controverso dessa categoria de intelectuais foi, no século XX, o escritor Ernst Jünger. Militar durante a I Grande Guerra, Jünger cantou, sem condescendência, a glória e a brutalidade da guerra, em "In Stahlgewittern".
Capitão das tropas alemãs, na II Guerra, conviveu e terá protegido Picasso e Cocteau, durante a Ocupação, em Paris. Foi soldado, botânico, zoólogo, entomologista e poeta. Do mal que lhe conheço a obra, elejo “Eumeswil”, um romance em que a liberdade individual persiste, servindo qualquer forma de poder: “A igualização e o culto das ideias colectivas não excluem o poder do individuo. Pelo contrário: nele se concentra o ideal das multidões como no foco de um espelho côncavo”. É o que escreve Jünger, mais adiante dizendo: “Não fracassamos pelos nossos sonhos, mas sim por não termos sonhado o suficiente”.
Acusado de simpatias nazis, mas também associado ao atentado contra Hitler, Jünger é o exemplo de um espírito livro, suficientemente equidistante dos poderes para poder garantir a sua an-arquia pessoal: "Cortejar as boas graças: também isto é uma arte. A expressão deve ter sido inventada por alguém que teve a mesma sorte da raposa com as uvas".

2 comentários:

Alexandre Brandão da Veiga disse...

Manuel, tem razão, o intelectual pode assumir todas as restantes funções da vida. Quase todos os intelectuais gregos foram guerreiros e Sófocles se bem me lembro queria ser mais lembrado plea sua glória militar que pela obra teatral. Mas a tipologia que quis ressaltar era funcional, interna aos próprios intelectuais. como se verá de seguida.
Seja como for é importante lembrar Junger. No nazismo os alemães não passaram todos a ser burros, e Boenhoffer, o arcebispo-conde von Galen, Heidegger e Junger estão lá para nos lembrar disso.

JP Guimarães disse...

Cuido que, dentro desta tendência, podemos também referir o Gabrielle d'Anunzio.