O Divórcio e a logística da Esquerda
Não se pode ignorar o Divórcio na Lei por razões de credo ou opção moral tal como não se podem alterar as leis que afectam a Família por motivos de fúria laical ou logística das esquerdas.
O Presidente da República decidiu vetar a nova Lei que regula o Divórcio em Portugal. E bem. Confesso que temi que, na aritmética política da cooperação estratégia entre Cavaco e Sócrates, não houvesse espaço para este veto no calendário próximo. Mas prevaleceu a objectividade e a Lei não passou tal como está.
Recomendo um esforço investigativo ao leitor sobre as implicações que o diploma impõe aos conjuges em situação mais fragilizada, neste caso, em larga maioria, as mulheres. Posso assegurar que há farto um menú de injustiças nas novas disposições da Lei, entre o fomento da conflitualidade nos recém casados sobre as despesas em comum; ou o logro que a Lei provoca sobre o investimento num projecto de dezenas de anos de vida em comum passando pela ambiguidade na futura tutela dos filhos menores.
Assisti à discussão dos dois projectos de Lei no Parlamento. Primeiro o do Bloco de Esquerda, no início da Primavera. Semanas depois, o do Partido Socialista.
Tratou-se de uma competição entre os dois pela conquista da esquerda. Discutia-se, por entre a tutela dos menores, quem tinha chegado primeiro à ideia de rever o Divórcio; quem era mais vanguardista na sua aplicação; a quem pertenceríam os louros da batalha, depois da Lei aprovada.
O PCP, com ideias claras e maior sentido de responsabilidade em relação às implicações sociais de tamanha revolução, ia sugerindo alterações, corrigia «pormenores», entre o gozo pela competência alheia e a vontade de poder construir, finalmente, o seu edifício jurídico sobre a Família. Votaria a favor, para não ficar fora da esquerda, confiando porventura na afinação que viesse com o expectável veto presidencial.
O CDS combateu o diploma com alguns dos argumentos da foice e do martelo sobre o desequilíbrio que gera, sobretudo nas mulheres. Contruíu assim o espaço político que lhe deixou um PSD mais amigo da liberdade de voto quando o caso é difuso. Salva-se a actuação do Presidente da República.
6 comentários:
Sim, mas é pena que não tenha tido a mesma atitude
quanto à Lei do aborto, com ainda mais razão.
João Wemans
Portugal deverá ser um dos países europeus onde o fosso salarial entre homens e mulheres é maior. Se, em regra, os salários são baixos, os salários das mulheres são ainda mais baixos. Acresce ainda que à medida que os filhos vão nascendo a estagnação salarial aumenta. De modo que o marido vai trabalhando mais horas, tentando a progressão profissional e procurando obter o maior salário possível para sustento do agregado.
Frequentemente, um dos membros do casal vai dando menor impulso à sua carreira para procurar dar maior assistência ao agregado familiar. Em Portugal, tradicionalmente esse papel tem sido deixado para as mulheres. A que se somam agora os cuidados com os progenitores dos membros do casal. Neste contexto, as contas do deve e haver, para efeitos de divórcio, são muito difíceis de fazer.
Esteve bem o Presidente da República, demonstra que conhece bem o país em que vive e que está consciente deste problema.
De facto cada vez mais a esquerda se esgadanha para ver quem é que consegue ir mais além no radicalismo de posições que ela própria não consegue defender sem ser num discurso vazio de "cassete".
Arrepiada fiquei quando vi uma Senhora (geração 40) do PCP na televisão muito ciosa do seu vanguardismo afirmar que não iriam permitir a manutenção de conceitos ultrapassados...
No conceito desta Senhora moderna nós ficaremos uma sociedade muito mais moderna e civilizada se "cavarmos" rapidamente e sem dramas do casamento, partindo rapidamente para outro, se para aí cairem os "afectos" e depois logo se vê ao longo de alguns anos nos tribunais como é que se resolve aquelas chatices do dinheiro e das crianças...se entretanto o ex e as crianças ficarem numa situação chata paciência - o meu afecto já está noutro lado...
Quem de facto conhece o diploma (mesmo que não o pormenor) e compreende as suas implicações fica de cabelos no ar.
ainda não está resolvido o problema dos casamentos e já stão a pensar no problema dos divórcios:Para quando as leis para os casamntos dos homosexuais com os mesmos ditos cujos?
Sem casamentos não pode haver divórcios...o carro à frente dos bois não pode.
Sim, é através do aumento de burocracia que se irá salvar a sociedade portuguesa. Por outro lado, a sociedade portuguesa é composta por portugueses, logo não vai a lado nenhum.
Terá de ser criada uma disciplina no ensino básico que ensine para o casamento, tal como ensinam para a cidadania, para que as mulheres não sejam enganadas no conto da gata borralheira.
Para os srs Cavacos,
Sou do tempo em que um juíz decidiu:
A obrigção da mulher é estar sempre ao lado do homem, ela é mãe, emfermeira, amante e irmã, por isso deve viver a seu lado mesmo estando em perigo diária de morte. LIGAÇÃO SÓ É LEGITIMA QUANDO EXISTE AMOR.
M.G.
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