sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Briseida ( continuação)

" - Eu não sou orfão, mas minha mãe pode perder o filho... "

" - Podem todas, basta que haja uma mãe e um filho." - Disse Briseida.

" - Se minha mãe me perder, usa de faculdade que fez sua."
" - Por lhe ter dado a vida?" - Perguntou ela.
" - Não. Porque podendo ter-me dado a eternidade, escolheu dar-me a finitude." - Disse Aquiles.
" - Julgava que Aquiles não era mortal..."
" - Julgam todos...O que me põe no chão, também me põe no céu."
Briseida terminava o seu trabalho quando na tenda entra o rei Aga que lhe ordena que saia.
Aquiles estende-lhe os braços: " - Meu rei."
" - Vejo que te recompuseste."
" Graças a ti, Aga."
" - Porque dizes tais palavras?", sorrindo acrescentou: " Referes-te por um acaso à escrava?"
" - Sim, a Briseida. " - Disse Aquiles.
" - Aquiles, raramente as mulheres são o que aparentam. As suas palavras leva-as o vento e as palavras ditas não são palavras sentidas."
" - Acredita-me Aga, eu, de todos os homens, sei que as mulheres, podendo escolher, escolhem ser caprichosas. sei isso melhor do que ninguém."
O rei Aga calou-se, olhou longamente para o amigo. Finalmente disse:" - É tua, se a quiseres. Diz-me, alguma vez a viste descoberta?"
" - Não. Porque perguntas?"
" - Por nada. Para que queres tu uma mulher assim?" - Perguntou-lhe o rei Aga.
" - Porque é bela para mulher feia e feia para mulher bela."
" -Tê-la-ás então..." Com estas palavras o rei Aga saíu da tenda.

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