terça-feira, 1 de julho de 2008

Os arquitectos de Portugal


A história não é minha. É contada no livro "Portugal Genial" de Carlos Coelho. Fica a história, que não sei se é verdadeira, nem interessa, e o tributo, que faço meu. Aos arquitectos de Portugal.


" Entre os mais geniais monumentos góticos da Europa destaca-se o nosso Mosteiro da Batalha. Quem conduziu tão arrojada obra foi Afonso Domingues. Conta-se que cegou no decorrer dos trabalhos, sendo então substituído pelo estrangeiro arq.º Houget.

Incapaz de compreender o nosso mestre e sem o consultar, Houget decidiu alterar a abóbada da Sala do Capítulo, pois afirmava a sua inexequibilidade. Pela sua mão a abóbada foi duas vezes erguida e por duas vezes caíu.

Confrontado com a cegueira técnica de um e a cegueira física de outro, D. João I voltou a optar pelo nosso mestre, restituindo-lhe o comando da obra no projecto original. A nova abóboda foi, finalmente, construída e o mestre Afonso Domingues fez questão de testar o risco do seu trabalho com a sua própria vida.

Para assistir a tamanha proeza veio El-Rei D. João I e para retirar as estacas foram designados prisioneiros castelhanos.

No fecho da abóbada permaneceu sentado, durante três dias, um dos nossos maiores mestre da Arquitectura de todos os tempos e daí saíu exausto, moribundo e afirmando, cego de convicção, " não caíu...não cairá!..."

2 comentários:

Manuel S. Fonseca disse...

Li o post da Sofia e voltei às "Lendas e Narrativas" de Herculano do meu tempo do Liceu Salvador Correia, em Luanda. O título era "A Abobada" e Herculano descreveu assim o final dessa cena:

"Nada temaes, senhores: - disse Martim Vasques - As ultimas palavras do mestre foram estas: a abobada não cahiu ... a abobada não cahirá!"
O architecto, já velho, não pôde resistir ao jejum absoluto a que se condemnára. No momento em que, ajudado por Martim Vasques e Anna Margarida, se quiz erguer cahiu moribundo nos braços delles, e aquelle genio de luz mergulhou-se nas trévas do passado."

Sofia Rocha disse...

Esta dos arquitectos saiu-me à laia de um ramo de oliveira, de pedra, mas ainda assim um ramo de oliveira. Só não sei se foi recebido. Aguardemos...