terça-feira, 15 de julho de 2008

Contra os canhões, procriar, procriar...

O nosso primeiro-ministro disse, há poucos dias, com o à-vontade que apenas se permite à esquerda, que é «de um partido onde era impossível um líder dizer que o principal objectivo da família é a procriação». As pessoas riram-se e a coisa passou. Mas é grave. Porque o senhor primeiro-ministro, que na prática detém os poderes legislativo e executivo no nosso país, confunde casamento e família.
Com efeito, se o senhor primeiro-ministro disser que pode haver família sem casamento e casamento sem família, eu estarei totalmente de acordo. Se disser que o casamento se pode livremente contrair e dissolver, eu estarei completamente de acordo. E se disser que o casamento não deve ter por único nem por principal fim a procriação, eu estarei inteiramente de acordo.
Agora, se o senhor primeiro-ministro confundir casamento e família, afirmando que qualquer tipo de união sexual entre duas pessoas constitui imediatamente uma família, eu discordarei. Se sustentar que a família é algo que se pode construir e destruir, também discordarei. E se pretender que o fim da família se confunde com os do casamento, mais uma vez discordarei.
Porque o fim da família é, de facto, a procriação (do latim procreare, que quer dizer produzir, trazer à existência), isto é, o trazer um novo ser à existência física e social, que justamente começa numa família. Só a partir da existência desse novo ser é que uma família se constitui enquanto tal, devendo essa sociedade familiar cumprir então alguns outros fins, nomeadamente a protecção, a educação e a integração económica e social dessa criança... Nenhum desses fins, porém, se dá antes da existência concreta desse filho.
Devo dizer, por último, que estarei ainda de acordo com o senhor primeiro-ministro se ele disser que na sociedade actual podem e devem considerar-se, avaliar-se e, em muitos casos, permitir-se e promover-se um conjunto de meios artificiais – médicos e legais – que complementem a procriação natural e, nesse sentido, a constituição das famílias. Agora, seja ela natural ou artificial, a procriação é, de facto, o principal fim de qualquer família - e não vejo em que é que a pertença a um partido politico possa mudar isto, pois que, seja qual for a ideologia que abracemos, antes de pertencermos a um partido já fazemos parte de uma família!

13 comentários:

Anónimo disse...

Deste-lhe! De facto assim é! Embora possa haver famílias s/filhos, a finalidade delas é exactamente a procriação; sejam elas de esquerda, direita, deste ou daquele partido. O coito não...

Anónimo disse...

Não chegas-te a escrever para o meu mail. Mas o teu nome consta da tradução; o que já não é mau. Luís F

Anónimo disse...

Estou de acordo... falas bem... quererás, no teu id mais recôndito, ir para "prime"?
Uma questão, penso, ficou em aberto: como criar uma família, se o fim é a procriação no sentido de dar condições, aumentar, reproduzir, trazer à existência, etc., quando o que vemos é o "degelo", crises ambientais, uma civilização cada vez mais afastada em relação a valores igualitários, de justiça social, com problemas demográficos, enfim, uma relação precária com o outro seu semelhante e com o "outros" seres orgânicos e até inorgânicos?
L. Barr do F.

Sofia Rocha disse...

Gonçalo, acerca destas confusões recorrentes, junto mais um argumento. Ouvimos falar muitas vezes em ex-sogros, ex-cunhados. Uns e outros são, por efeito do casamento, afins. Sabe o que é que o Código civil diz sobre a afinidade? Que a afinidade não se dissolve com o casamento. Ou seja, que se desfaz o casamento, mas não se desfaz o laço. Uma vez sogra, para sempre, sogra. É interessante, não é?

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

Agradecendo a todos os comentários, e deixando que permaneça recôndito o recôndito querer do meu id, direi apenas à Sofia que, para além de outras explicações, o facto das afinidades se manterem após a dissolução de um casamento se justifica exactamente pela finalidade eminentemente reprodutiva da família, pois que, de outro modo, eu não teria qualquer vínculo com os parentes mais próximos dos filhos, o que manifestamente não faria sentido.

Anónimo disse...

reconditamente falas-te qual sábio sem saber com quem comunicas do outro lado...

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

Se quiser dizer o nome...

Anónimo disse...

Digo-te que fala da Cova da Beira, terras do xisto...

Gonçalo Pistacchini Moita disse...

Muito bem, daqui saúdo a Cova da Beira, com todos os seus habitantes. Um deles será o anónimo que nos escreve.

Anónimo disse...

A Cova da Beira com todos os seus habitantes, em meu nome, saúdam-vos...

Anónimo disse...

Ok. Revelo a minha identidade: http://www.fundaodual.blogspot.com/

Anónimo disse...

Gonçalo, não fui o do 1ª com.
L, F(CB)

Anónimo disse...

Um texto tão imbecil que nem merecia reparo.

Mas, pensando bem , é contra tolices destas ideias professadas por este senhor que temos que "Ir contra os canhões".