Um golo português
São 39 os jogadores que neste Europeu representam países em que não nasceram. Em vários desses casos a imigração deu-se com o futebol e há muita gente, incluindo, em Portugal que contesta a identidade destas selecções. Nada mais errado. Não só este é um fenómeno natural como promove, no geral, uma identidade mais saudável. Depois de marcar o seu golo Pepe afirmou que sempre tinha querido representar Portugal e que esta era apenas mais uma forma de agradecer a forma como tinha sido recebido pelos portugueses. Haverá identidade mais genuína e saudável que aquela que é desejada? É estranho para mim que algumas pessoas não coloquem em causa a identidade portuguesa de jogadores provenientes de países que colonizávamos (vejam a selecção de 66) mas questionem a identidade dos que livremente se sentem portugueses. Por mim, prefiro viver com quem quer viver comigo e não com quem a isso está obrigado A verdadeira e saudável identidade não existe no sangue nem se adquire onde se nasce: constrói-se, em relação com os outros através da adesão a uma comunidade. É uma identidade que não nos é dada nem oferecida mas que conquistamos. Só essa identidade é crítica e reflexiva e, como tal, positiva. Uma identidade que se abre e se define pela inclusividade e não pela exclusividade. Com os novos portugueses sem dúvida que mudará também a nossa identidade mas uma identidade estática não é factor de coesão mas sim uma prisão. Resistir a esta forma de identidade aberta é igualmente ignorar o futuro. Para sobreviver a Europa, e Portugal em particular, necessitarão no futuro de milhões de imigrantes: eu prefiro que eles venham a ser portugueses. O que importa apenas é garantir que a sua identidade seja voluntária e genuína. Quem tem dúvidas disso depois de ver Pepe correr e sorrir daquela forma? Obrigado Pepe por quereres ser português.
2 comentários:
Todos somos mestiços.
As diferenças são culturais - a nossa cultura é a "boa"; os outro são "bárbaros", na designação greco-latina.
O Brasil é o país mais mestiço do mundo, por causa dos portugueses, que durante 400 anos emigraram em massa para essas bandas.
Os filhos do sr. Silva (incontáveis) "correram" com os holandeses do Recife.
O Pe. António Vieira veio do Brasil para consolidar os eventos de 1640 (os quais nunca teriam acontecido sem a "pressão" dos "brasileiros/portugueses").
Finalmente, que há de melhor que a vontade, norteada pelo prazer, ou pelo apelo da felicidade? Há os que querem ser e os que são - mas são os filhos "pródigos", como na parábola, que nos deviam encher de júbilo.
José Cunha
Miguel Poiares Maduro o constructivista. Um conceito de reflexividade muito pouco profundo no entanto. (Sera mesmo reflexividade ...) O outro e incluido na terceira pessoa (ou na segunda do plural). Mas o que e curioso e que so passou a ser dado como incluido depois de lutas dos 'radicais'. O discurso alternativo tem sempre alguma ... utilidade. Nao por ser 'esquerdalha' (esses 'gajos' que escrevem esses 'livros' que ja 'li' e que 'compreendi' e nao gostei) mas por ser discurso (e discurso e melhor do que texto).
Paulo
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