Sem Ódios, mas com muitas irritações
Caro Manuel,
Seis!? Um já é um exagero.
Ódios momentâneos são irritações que passam, não contam. Dão-nos graça.
Mas quando não passam são ódios que, ficando, nos destroem. O maior medo é o ódio a nós próprios. Aquele que nos pode acompanhar sempre se não aprendermos a amar. Porque é o próprio aquele que o Ódio destrói.
Seis!? Um já é um exagero.
Ódios momentâneos são irritações que passam, não contam. Dão-nos graça.
Mas quando não passam são ódios que, ficando, nos destroem. O maior medo é o ódio a nós próprios. Aquele que nos pode acompanhar sempre se não aprendermos a amar. Porque é o próprio aquele que o Ódio destrói.
Os Ódios são sequelas de tudo o que nega o amor, tudo o que nega a humildade, tudo o que nega o despojamento, e que na distância de cada para consigo próprio gera a inveja, a avareza, a soberba, etc....
As irritações têm graça. São inconsequentes. Mas são também a nossa desistência momentânea de resistir. Mas quem aguenta ouvir uníssonos como:
— a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade dos outros!
— tudo é arte!
— está cientificamente provado!
Ou as campanhas:
— Tolerância Zero (para esconder a Intolerância total);
— Todos diferentes todos iguais. (para tornar igual tudo o que é diferente e tornar diferente tudo o que é igual);
— Cartão jovem: a tua identidade! (para produzir jovens contentinhos e intervenientes a partir da sua propalada juvenil irreverência);
— ler jornais é saber mais! (como se houvesse uma relação necessária entre ler jornais e saber);
Ou as confissões falsamente compungidas que fazem do sofredor um herói e um exemplo de vida:
— os espectadores de comédias não imaginam o sofrimento que vai na alma do cómico, que mesmo a rir e a fazer rir está a sofrer por dentro!
Tudo isto gera irritações porque são fórmulas para inibir e evitar que se pense. Não creio que sejam Ódios propriamente.
Por fim, o que é detestável:
— a desfaçatez e a sua personalidade dissimulada;
— a falta, reflexa e geral, do sentido do ridículo;
— o espírito lamuriento;
— a vitimização;
— a falta de espontaneidade, de genuinidade e de autenticidade;
— os lugares-comuns apresentados como se fossem novidades;
— falar em nome dos outros dizendo o que eles querem mesmo que eles não queiram;
— o que destrói o encanto.
Não sei se são Ódios, como disse, estes sentimentos que nos alteram. O Ódio é uma negação absoluta. Não estamos em condições de odiar. A não ser que saiamos absolutamente de nós e nos deixemos absolutamente possuir, isto é, desalmar. Mas, por isso, é que o Ódio mata acima de tudo quem odeia.
4 comentários:
João Luis, adorei o seu post.
Dei por mim a pensar que ainda tenho um longo caminho pela frente. É que eu muitas vezes sinto que "saio absolutamente de mim"!
Caro João Luís, quero acreditar, como está implícito no seu post, que quem muito ama muito menos odeia. Tudo, é claro, na poética crença de que o amor nos faz mais fortes e indestrutíveis.
Mais um texto inspirado ...
- na civilização cristã.
JW
São estes posts que nos enchem de preguiça pela via do dever já cumprido por outros. Não posso estar mais dentro do que o João Luís escreveu.
Tentarei encontrar as minhas profundíssimas irritações num futuro post já que o ódio a sério, enquanto o amor for presente, não me tem visitado.
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