Como proteger os filhos dos seus pais?
Parece que a CONFAP, confederação das associações de pais, veio hoje, mais uma vez, insurgir-se contra a avaliação por exames. Supostamente os exames são injustos, pois testam, num par de horas ou minutos, o conhecimento (não) adquirido ao longo de anos. Trata-se de um argumento simplista e redutor. A avaliação por exame tem, como outras, o seu lugar e permite apreciar capacidades e "competências" (para usar o jargão das "ciências" da educação) que outras formas de avaliação decididamente não permitem. Claro, a avaliação por exame, quando estes são bem elaborados e bem corrigidos, é selectiva e imparcial. Obriga a um enorme esforço e a uma aquisição de hábitos de trabalho e de planeamento. Faculta naturalmente um instrumento de aferição comparativa dos conhecimentos. Apesar de imperfeita, só através dela se pode restaurar um mínimo de dignidade no sistema de ensino português. Não sei o que buscam os pais: se preparar os filhos para um vida boa, se dar no imediato uma boa vida aos filhos. É triste verificar que os representantes dos pais são hoje indefectíveis aliados do facilitismo. São os seus filhos que vão pagar a factura.
1 comentários:
E, uma vez, atingida a maturidade do pânico - ou seja, na Universidade - os exames são contornados por formas mais ou menos pedagógicas e mais ou menos criativas de avaliação. De todos os facilitismos instituídos, destaco a fuga aos exames orais - mercê de choros e desmaios recorrentes. Como se necessidade não houvera de enfrentar júris e pares, nos mais diversos contextos de exigência.
Indo um pouco mais além - quiçá matizes de uma dúvida tácita - criam-se seminários curriculares que visam instruir os alunos no domínio das "competências comportamentais" - vulgo aprender a falar em público.
E - qual atracção do abismo - não se estipulam horários homogéneos para as sessões dos tais seminários, ocupando tardes e manhãs que nunca se sabe exactamente quais serão, o que muito dificulta o planeamento de quem se ocupa também com aulas de outros domínios, exteriores ao magro sincretismo do conhecimento trazido pela faculdade.
Enfim, um ciclo pouco virtuoso que, começado por pais coniventes, nos faz almejar avós reconvertidos (...au moins).
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