I. Curtius, European Literature and the Latin Middle Ages, Princeton / Boellingen Paperbacks
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A sabedoria das adjacências, suburbana na sua origem, afecta muitas actividades, mesmo aos mais altos (!) níveis. Muitos se vêm como eruditos porque ao falar de História em vez de dizer profissões falam em “mesteres” e o rei é automaticamente baptizado de “El – Rey”. O que dá em frases algo ridículas como “no tempo de El-Rey D. Dinis os mesteres viveram frondosa época”.
A erudição não é isto. Não é a referência mecânica a lugares comuns ou a arcaísmos deslocados. A erudição começa por ser trabalho. Muito e por vezes imenso. É memória, sempre grande, por vezes vasta. É inteligência, por vezes majestosa.
Os eruditos são muito mal vistos na nossa época. A criação é vista como espontaneidade. No entanto, nem sempre foi assim, e em geral nunca foi assim. Grande parte dos grandes génios era também erudita. E alguns eruditos atingiram as fronteiras por génio pela via da erudição. Exemplos destes são Mommsen, Gregorovius, Cornford mas também Curtius.
De vez em quando, mas muito raramente, surgem grandes sumas, verdadeiros monumentos, que conseguem sintetizar séculos de História, de reflexão, de criação. São raros pontos de civilização, que requerem condições sociais propícias à instrução, mesmo que por vezes adversas à segurança (este livro foi feito em exílio interior durante o nazismo), mentes particularmente favorecidas e uma disciplina e um amor à investigação sem falhas.
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