Exaltações laicas
O mundo anda agitado. E muito estranho.
Hoje, na sequência de uma manifestação de estudantes e professores da Universidade La Sapienza, em Roma, que reivindicava o direito a uma recepção hostil ao Papa, na visita marcada para o próximo dia 17, o Vaticano preferiu a prudência e anunciou o cancelamento da iniciativa.
De acordo com os slogans, e na versão do El País, estaria em causa a defesa da laicidade da ciência. Mais: a defesa do carácter laico do ensino público em Itália. De acordo com uma carta remetida ao Reitor, e depois divulgada à imprensa, subscrita por 67 professores – na sua maioria do departamento de física –, o Papa é um obscurantista. E, pior, como acrescenta um grupo de estudantes anarquistas, a hierarquia do Vaticano tem vindo a invadir a totalidade do espaço público, pronunciando-se sobre qualquer lei, influenciando e condicionando o poder político.
Na base do ruído, avultaria a memória de uma remota intervenção do Cardeal Ratzinger, na Universidade de Parma, em 1990, sustentando que, na época de Galileu, a Igreja ter-se-ia mantido muito mais fiel à razão do que o próprio Galileu… Aviltados, os estudantes convocaram uma semana anti-clerical e os ânimos exaltaram-se sem remissão. Perante o calor, o Vaticano resolveu recuar e, pela primeira vez desde a sua eleição, o Papa não cumprirá o programa estipulado. Em homenagem à ciência e ao ensino laicos, as cerimónias de abertura do ano lectivo da principal universidade pública de Roma não serão assombradas pela presença de Bento XVI.
O episódio apela ao antecedente de Ratisbona. Um dito perdido na sombra dos tempos, uma citação fora de contexto, uma divulgação ordenada à causação do dano. Simples, mas tremendamente eficaz.
Hoje, na sequência de uma manifestação de estudantes e professores da Universidade La Sapienza, em Roma, que reivindicava o direito a uma recepção hostil ao Papa, na visita marcada para o próximo dia 17, o Vaticano preferiu a prudência e anunciou o cancelamento da iniciativa.
De acordo com os slogans, e na versão do El País, estaria em causa a defesa da laicidade da ciência. Mais: a defesa do carácter laico do ensino público em Itália. De acordo com uma carta remetida ao Reitor, e depois divulgada à imprensa, subscrita por 67 professores – na sua maioria do departamento de física –, o Papa é um obscurantista. E, pior, como acrescenta um grupo de estudantes anarquistas, a hierarquia do Vaticano tem vindo a invadir a totalidade do espaço público, pronunciando-se sobre qualquer lei, influenciando e condicionando o poder político.
Na base do ruído, avultaria a memória de uma remota intervenção do Cardeal Ratzinger, na Universidade de Parma, em 1990, sustentando que, na época de Galileu, a Igreja ter-se-ia mantido muito mais fiel à razão do que o próprio Galileu… Aviltados, os estudantes convocaram uma semana anti-clerical e os ânimos exaltaram-se sem remissão. Perante o calor, o Vaticano resolveu recuar e, pela primeira vez desde a sua eleição, o Papa não cumprirá o programa estipulado. Em homenagem à ciência e ao ensino laicos, as cerimónias de abertura do ano lectivo da principal universidade pública de Roma não serão assombradas pela presença de Bento XVI.
O episódio apela ao antecedente de Ratisbona. Um dito perdido na sombra dos tempos, uma citação fora de contexto, uma divulgação ordenada à causação do dano. Simples, mas tremendamente eficaz.
4 comentários:
Segundo o "Corriere della Sera" de hoje, 15 Jan., quer o P. Ministro Prodi, quer o P. Républica Napolitano (que escreveu uma carta ao Papa para lhe pedir que mantenha a visita), entre outros dirigentes políticos, condenaram a atitude de profunda intolerância desses -poucos-estudantes.
O laicismo também é uma religião,
"quem não é por Mim é contra Mim" ensinou-nos o Mestre, ou não foi verdade que fez subtituir a imagem de Nossa Senhora pela da Deusa Razão em França, há três séculos...
Cumprimentos,
Carlos C. Inez
«O laicismo também é uma religião»
É falso. Se quiser o ateísmo, esse sim, é uma questão de fé, equiparável a uma qualquer religião. O laicismo, não.
O laicismo não é uma religião, de facto, é uma obsessão. Ou, como soe dizer-se hoje , o mais puro e furioso fundamentalismo monomaníaco.
Dias estranhos, muito estranhos, estranhíssimos mesmo...
67 professores de um total de 5000, li no Le monde...
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