quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

O BCP da Crise

1. Enquanto que os nossos analistas se preocupam com a ASEA, a Lei do tabaco, a falta de autoridade de Estado nas escolas e o excesso de autoridade de Estado no Fisco, o País vai mudando. Tanto que podem acontecer as coisas que aconteceram com o BCP, fruto de mercados financeiros altamente desenvolvidos.

2. Enquanto que Mário Soares se entretém a dar prémios, Cavaco Cilva serve o prato frio da vingança e mostra o charme discreto das presidências silenciosas. É difícil não acreditar que o início da solução do problema tenha sido a reunião que houve em Belém. E o tempo escolhido não podia ser melhor: a solução está a cair numa época em que todos estão distraídos com algo mais importante.

3. Cavaco Silva fez o que aparentemente Vítor Constâncio – ou melhor, o vice-governador com o pelouro – não pôde fazer. Porventura porque uma intervenção a sério do Banco de Portugal teria de ter moldes bem mais sérios.

4. Durante algum tempo não percebi o que se passava mas segui pacientemente os media e devo dizer que me parece que funcionaram bem. E o maior partido da oposição também ajudou. Para mim, o ponto alto de informação foi ontem uma entrevista que Mário Crespo fez a um economista no Jornal das 9 da SIC-Notícias. Segundo a explicação, muito bem dada, a Administração do BCP fez coisas que não se fazem e mais não se pode dizer. Mas também percebi que o que ela fez, foi mal feito e que há quem o faça bem feito sem que se note. Só não concordei com a ideia de que presidentes de bancos não podem mudar de institução.

5. Parece também que as instituções acabaram por funcionar e com todos os cuidados necessários para tomar conta destas susceptíveis questões financeiras. Funcinou o Presidente da República, o Banco de Portugal, embora ainda com muito em mãos, os media e o PSD.

6. Espera-se que a cereja no bolo seja o Expresso deste fim-de-semana que terá de estar à altura e dizer-nos mais sobre tudo isto.

7. Falta que o Governo nomeie alguém consensual para a Caixa Geral de Depósitos e, é verdade que, historicamente, os governo têm sabido conviver com Presidentes de cores políticas diferentes (até Salazar aguentou um Presidente republicano – e dos fortes – até 1932).

8. E falta ainda algo de dificil, se for caso disso: que os tribunais funcionem bem e atempadamente.

1 comentários:

Manuel S. Fonseca disse...

Caro Pedro, não sendo área da minha especialidade (se é que tenho alguma) temo que seja prematura a sua conclusão, segundo a qual "as instituções acabaram por funcionar e com todos os cuidados necessários para tomar conta destas susceptíveis questões financeiras." Só espero é o que o desejo que exprime no ponto 8 - o de que os tribunais funcionem bem -se cumpra de facto.