sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Mandarim

Cheguei à idade em que dá prazer (re)(re)ler o Eça. Acabei o "Mandarim". Para quem não se recorde, a história é de um amanuense lisboeta que matou um longinquo Mandarim, herdando a sua fortuna, pelo simples toque de uma sineta.Porém, o velho Mandarim com o seu papagaio de papel, obesa barriga e eriçada trança, aparecia nos momentos mais inoportunos, atormentando a consciência do funcionário público, tornado milionário, que em desespero clama:"É preciso matar este morto!". Na política portuguesa é necessário matar os políticos mortos, de forma a renovar ideias, métodos, valores. Mas qual, ei-los que depois de mortos renascem, de ventre proeminente, ameaçando mais do mesmo, a um povo que tudo esquece. Estranho fenómeno este, em que um colectivo não aprende as lições óbvias, e acredita que D. Sebastião ainda que derrotado, e manifestamente incompetente, mantem incólume a esperança de com o "seu" povo, vencer novas cruzadas.

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