quinta-feira, 13 de setembro de 2007

IV. Hodiernos cristãos: causas do meio hostil

As causas desta situação são bem conhecidas. De um lado a mistura de revolução francesa, revolução industrial, utilitarismo inglês e revolução científica mal digeridas por um ensino liceal que não pode ser mais que sumário e que dispensa agora comentários.

Mas há um factor pouco lembrado que inere à própria História da Igreja que para isso contribuiu igualmente. O concílio Vaticano II: « on a toujours les défauts de ses vertus ». Este concílio foi necessário. No século XX a ordem tridentina estava gasta, mas foi fecunda. O barroco está aí para o demonstrar. O mesmo barroco que gerou o fascínio da Europa protestante do século XVII ao XIX sobretudo. O gesto, a visão, o paladar, a indumentária, a pintura, em geral os sentidos europeus foram dominados pela ordem tridentina até ao século XIX.

O Vaticano II foi acima de tudo um Concilio pastoral, no que fez muito bem e teve grande mérito, independentemente do que se possa doutrinar sobre a mudança que operou na Igreja como mistério. Seja como for a verdade é a ênfase do século foi a pastoral. Esquece-se assim que a Igreja é igualmente um pensamento, uma filosofia, uma teologia, uma mística, uma razão. Basta perguntar sobre quantas pessoas reconhecem sequer como problema o filioque, o docetismo, o donatismo, o arianismo, o marcionismo e assim por diante. E basta ver a dificuldade que tem a hierarquia ou os leigos de comunicar a importância da vida contemplativa, não enquadrável no paradigma humanitarista, para se perceber como o Vaticano II não colmatou essa lacuna.

É evidente que quem faz tem sempre maiores ou menores dificuldades. Quem comunica tem sempre dificuldades de comunicação. As dificuldades de comunicação das hierarquias com o Laos não são novas. Sempre existiram. Mas o afundamento da igreja na comunicação da teologia moral e da pastoral constituiu um empobrecimento à luz do século.

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