segunda-feira, 20 de agosto de 2007

I. La Proporción Áurea, La Historia de Phi, El Número más Sorprendente del Mundo; Mario Livio, ARIEL, 2006


A criança de três anos diz “dois”. Os pais entusiasmados chamam toda a vizinhança, e telefonam à família. A criança é um génio, está demonstrado. De uma só assentada a criança mostra conhecer cálculo infinitesimal, números imaginários, fórmulas de Euler, trigonometria. Com efeito, quem não sabe que o que a criança fez foi integrar a função seno de acordo com a complexa fórmula supra.

Pois é. Mas qualquer aluno com um mês de análise sabe que a formula é de uma constrangedora banalidade sob a sua aparência pomposa. Talvez os mecanismos cerebrais da criança tenham alguma ligação com esta fórmula, quem sabe? Mas de uma coisa podemos ter a certeza. Para dizer “dois” a criança não usou conscientemente nenhum destes instrumentos.

Os historiadores da ciência, e os antropólogos caíram muitas vezes nesta fraude, exactamente no mesmo plano que os especialistas em piramidologia (?), seja ela baseada nas pirâmides de Gizeh, seja nas da América pré-colombiana.

Os exemplos são muitos e a este entusiasmo não escaparam nem mesmo historiadores sérios da ciência. Descobriram (!) que os chineses, ou os bororós, ou quem seja, tinham descoberto há muitos séculos as coisas mais extraordinárias. A Bíblia diz que numa torre cilíndrica o perímetro da base era de 30 côvados e o diâmetro de 10? Logo, os hebreus tinham descoberto o número pi. Etc, etc.

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