domingo, 19 de agosto de 2007

Desabafos de Verão (I)


Começo as minhas férias. Finalmente. Com elas, vem o tempo para desabafos que a pressa dos dias cheios vinha adiando. Quase calando, afinal.

O primeiro chama-se Pontal. Ou, mais exactamente, o horror sentido perante as imagens da mais triste e pindérica decadência a que chegou a política de hoje. Mesmo para quem não se reveja especialmente no registo comicieiro – e confesso que estou entre esses -, o Pontal tem o peso simbólico de ter sido palco de expressivas demonstrações de militância, marcando sucessivas 'rentrées' políticas de um PSD forte e ganhador. Um PSD com inequívoca ambição de poder e obra.
Hoje, o regresso ao Pontal é patético. Feito à medida de pequenos e circunstanciais afrontamentos intestinos, serviu apenas para evidenciar a dura verdade de um partido sem nível, sem soluções e sem horizontes. Do anfitrião-entertainer, aos discursos e às provocações entre candidatos, ficou a certeza de um partido incapaz de olhar o país, de pensar o país, de falar para o país.

Para mim, que creio convictamente que ao PSD caberá (como coube sempre) um papel decisivo na democracia portuguesa e que dele se esperaria hoje a capacidade de refundar o projecto político do centro-direita – inovando no pensamento e no discurso, modernizando nos métodos e refrescando nos protagonismos -, o estado das coisas é dramático. E o Pontal, esse, é mesmo de cortar o coração.


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