II. Karl Ferdinand Werner, Nascita della nobiltà. Lo sviluppo delle élite politiche in Europa, Torino, Einaudi 2000
Nenhum historiador sério põe em causa a importância da nobreza na formação da Europa. Nenhum põe em causa que esta era a classe dominante pelo menos até ao século XVIII. Ou seja, toda a preparação que leva a que a Europa seja o continente dominante no mundo a uma distância imensa em relação a todas as outras culturas ocorre sob dominação nobiliárquica.
O que se discute está alhures. Até que época vai a influência da nobreza? Estende-se até ao século XIX, até à nossa época e de que forma? Qual o efectivo contributo desta classe para a expansão europeia? Qual a continuidade familiar desta classe? Qual a continuidade institucional desta classe? Qual a origem desta classe?
O livro em causa trata apenas dos dois últimos problemas. E já não é pequena tarefa. E trata-a magistralmente, independentemente de se concordar com ele ou não. As teses vulgarmente ouvidas são muitas nas suas variantes, mas resumem-se em poucos grandes grupos. É instituição germânica, vem do fundo comum indo-europeu, tem origem romana ou é instituição absolutamente original vinda da Idade Média. A verdade estará não no meio, mas no contributo de cada uma destas teses.
A melhor analogia nesta matéria é de natureza biológica. Um osso fracturado e que foi mais tarde enxertado com tecido vindo de alhures e que cresce com a vida apenas se pode dizer que perdeu a sua identidade na medida em que cada um de nós pode dizer que é uma pessoa diversa da que era aos 5 anos. O que é verdade em certo sentido, mas é uma infinita mentira noutro. O velho tema grego da mudança abre-se aqui a todos os paradoxos, o que é sério, mas não é grave, e a todos os sofismas, o que não é sério, mas é grave.
Com um fervor quase monacal o autor vai analisando as origens da nobreza europeia para concluir pela sua continuidade institucional. E encontra a origem da nobreza sobretudo no Baixo-Império Romano. O que bem vistas as coisas é um contributo essencial para o quadro que antes desenhámos.
O essencial aqui é reconhecer que a História pode dar saltos, mas não opera cortes. Não se reinstaura o tempo. É fácil acusar alguém de substancialismo por oposição a uma visão mais funcionalista das coisas. O problema é que as visões funcionalistas padecem de vários vícios. São eficazes no curto prazo, mas funcionam em circuito fechado no longo prazo. Os funcionalismos são uma forma de puritanismo, geralmente em pena de novo-rico da ciência em cuidados pela sua legitimação epistemológica, e acabam por ser instrumento de servidão. É que só conheço liberdade real que tenha em conta a realidade. Só assentando na realidade se pode ser livre. Os grandes libertadores religiosos dão-nos sinal disso, e Cristo em primeiro lugar.
Não é por reconhecer (e todo o trabalho sério leva a este reconhecimento) que existem continuidades na Europa, e também esta de uma classe que durante mais de catorze séculos a dominou inequivocamente, que isso nos impede de ter liberdade de escolha para o futuro. A liberdade de escolha apenas é impedida por quem quer partir de ficções.
Alexandre Brandão da Veiga
http://www.comune.bologna.it/iperbole/assminsto/Sche_2000werner.htm
http://fr.wikipedia.org/wiki/Karl_Ferdinand_Werner
http://www.actufiches.ch/content.php?name=Werner&vorname=Karl+Ferdinand
http://www.aibl.fr/fr/membres/assoces/werner.html
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