Controle de qualidade
Seguindo o post do Nuno Lobo Antunes sobre a qualidade do jornalismo em Portugal, deixem-me acrescentar umas linhas. Escrever é como andar a cavalo: só não se engana quem não o faz. E o engano tem, claro, de ser o dia-a-dia dos jornalistas. Muitos em Portugal são novos e inexperientes o que, sendo até bom, agrava o problema. Para se atingir uma maior qualidade é necessário que haja revisão dos textos, não só quanto à escrita mas também quanto ao conteúdo. É nisso que há muitas falhas nos jornais nacionais. Há um filme que mostra por dentro o funcionamento da New Yorker, onde há duas ou três pessoas que se dedicam exclusivamente à verificação dos factos mencionados nos artigos em preparação.
O problema do controle da qualidade nos jornais é mais vasto e estende-se aos artigos de opinião que muitas vezes também erram. Mas aí o problema é mais difícil de resolver.
Nas publicações universitárias, em Portugal, o problema também se põe. Os artigos e os livros têm de ser lidos por terceiros para detectar erros e omissões. Aqui tem havido algum progresso, embora o caminho seja ainda muito longo. Há autores mais recalcitrantes que tentam evitar a revisão dos textos, mas já são raros e nem sempre conseguem evitá-la. No meio universitário nacional, a necessidade da revisão dos textos já é geralmente reconhecida, embora à vezes não seja bem feita, talvez por falta de meios.
E na blogosofera? – Bem aqui é a selva.
1 comentários:
Caro Pedro,
Não podia estar mais em desacordo consigo.
Não acredito que se deva dar créditos por profissionalismo se a cultura não for de exigência.
Os jornalistas escolheram, por profissão, informar. Esta tarefa não se cumpre sem o trabalho prévio de investigar.
A importância da comunicação social (tão óbvia - como cada vez mais se vem a constatar - que me escuso a desenvolver) leva a que se associe esta profissão à ideia de serviço público e existam entidades reguladoras, etc.
De quem faz da investigação e difusão de informação profissão, não se pode exigir menos que isso, i.e. que investiguem e divulguem de forma clara e rigorosa.
Naturalmente, a multiplicidade de valências em que a nossa vida em sociedade se desmultiplica, leva a que, muitas das vezes, os assuntos a tratar se revistam de enorme tecnicidade (embora, a realidade nos vá lembrando que não é só nestes casos que muitos jornalistas de espalham). Nessa altura, impõem as boas práticas, que o jornalista se aconselhe junto de profissionais da área que o possam esclarecer.
Se não estiverem dispostos a fazer isto (um trabalho sério, leia-se), é melhor que não façam nada, sob pena de desinformar.
Quanto à questão da blogosfera, o tópico é o mesmo que opõe o Pacheco Pereira à wikipédia (parece-me).
No entanto, não me parece sério colocar a questão da qualidade do jornalismo no mesmo pé em que se coloca as incursões blogosféricas. É certo que muitos jornalistas têm já blogues, mas qualquer pessoa (mesmo sem qualquer qualificação jornalística, como eu) tem um blogue. Quando vasculho a blogosfera, sei que vou encontrar, sobretudo, opiniões individuais que tenho, depois, de confrontar com os factos. E é aqui que conto com os jornalistas - para que coloquem os factos à minha disposição. Infelizmente, cada vez menos.
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