IV. As velas ardem até ao fim, Sándor Márai, Dom Quixote, 2007
Ao contrário do drama burguês em que o princípio artístico envenena o princípio plebeu, a arte e o militar nascem de uma mesma classe aristocrática. Nem todos possuem um e outro sentido, e as pessoas opõem-se por isso. Mas em suma são interdependentes, e não seria se espantar ver o artista a arriscar mais na aventura que o militar, não perdendo nem um nem outro o seu princípio de nobreza.
A música tem um papel determinante na novela, e no entanto não se ouve uma nota de música. A Europa Central, e mais uma vez, mostra a sua lição habitual ao resto da Europa neste campo. É espantoso ver como são surdas as obras de literatura peninsulares, como a música não tem papel vital nelas. É a Europa central que nos mostra a seriedade da música. A sua natureza determinante.
Porque a música, como a imagem do cristal que aparece na novela, ligação cristalina que liga as várias personagens como as relações genealógicas que conformam as mesmas personagens, é exemplo de uma substância que vive da relação e não da vitória individual. É raro encontrar fora da aristocracia este composto de personalidade vincada e de dependência. Para que outras pessoas sejam tão determinantes na nossa vida é preciso que a nossa vida seja determinante. Só consome outros quem se sabe meramente consumível.
Não posso fazer juízos de valor sobre o livro em questão. Fui forçado a lê-lo por dever de amizade e não saí arrependido. Mas o reconhecimento de uma obra-prima carece de um extremado juízo. Extremo de proximidade ou de distância, o que vem dar ao mesmo. Mas essas experiências extremadas carecem sempre de um juízo ponderado. Não se chega aos extremos sem se ser prudente. Quem não o é não volta para contar a história. Seja como for, não me arrependi de conhecer mais um autor, facto raro em mim. Já é dizer muito. A quem aproveitar que se siga a leitura.
http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=67607
http://www.librarything.fr/author/maraisandor
http://www.randomhouse.com/knopf/authors/marai/index.html
http://fr.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1ndor_M%C3%A1rai
A música tem um papel determinante na novela, e no entanto não se ouve uma nota de música. A Europa Central, e mais uma vez, mostra a sua lição habitual ao resto da Europa neste campo. É espantoso ver como são surdas as obras de literatura peninsulares, como a música não tem papel vital nelas. É a Europa central que nos mostra a seriedade da música. A sua natureza determinante.
Porque a música, como a imagem do cristal que aparece na novela, ligação cristalina que liga as várias personagens como as relações genealógicas que conformam as mesmas personagens, é exemplo de uma substância que vive da relação e não da vitória individual. É raro encontrar fora da aristocracia este composto de personalidade vincada e de dependência. Para que outras pessoas sejam tão determinantes na nossa vida é preciso que a nossa vida seja determinante. Só consome outros quem se sabe meramente consumível.
Não posso fazer juízos de valor sobre o livro em questão. Fui forçado a lê-lo por dever de amizade e não saí arrependido. Mas o reconhecimento de uma obra-prima carece de um extremado juízo. Extremo de proximidade ou de distância, o que vem dar ao mesmo. Mas essas experiências extremadas carecem sempre de um juízo ponderado. Não se chega aos extremos sem se ser prudente. Quem não o é não volta para contar a história. Seja como for, não me arrependi de conhecer mais um autor, facto raro em mim. Já é dizer muito. A quem aproveitar que se siga a leitura.
http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=67607
http://www.librarything.fr/author/maraisandor
http://www.randomhouse.com/knopf/authors/marai/index.html
http://fr.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1ndor_M%C3%A1rai
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