Kagame e a França
Declaração de interesses: como muita gente, tenho antipatia natural pelos franceses. Sentem-se os melhores do mundo e, no entanto, a arte é mais requintada em Itália, a comida ainda melhor na Bélgica, a música e a filosofia, na Alemanha e a história imperial mais grandiosa em Portugal, em Espanha ou em Inglaterra. A alegria sente-se melhor em Itália ou em Espanha e o humor é mais refinado no outro lado da Mancha. A religião é complexada ou levrevriana. O laicismo tricolor e a Lei da Separação do início do século XX assim a condicionam. Para arrematar, só os franceses muito civilizados serão civilizados. A França sempre teve pretensões que não alcançou. As suas ideias ganharam prática no terror de oitocentos. E a grandeza territorial foi contrariada na Europa de novecentos como em Vichy, na Indochina ou em África onde chegou com apetência tardia. Importa lembrar a cultura enorme, a língua bela, o requinte da moda do urbanismo ou a paisagem organizada.
Digo tudo isto porque considero infames as acusações do Presidente Kagame (que nome) sobre «o envolvimente directo» da França no genocídio do Ruanda, há 20 anos.
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