O herói
Na memória directa e imatura que tive dos militares em tempo revolucionário, surgiam Spínola, Salgueiro Maia e Pinheiro de Azevedo como os bons protagonistas. Não considerava Otelo, logo estragado pelo COPCON, ou Vasco Lourenço, demasiado falador. Pensava o pior de Rosa Coutinho. Melo Antunes e Costa Gomes pareciam ser carne e peixe, conforme os momentos. Galvão de Melo prometia e, de Madrid, vinham notícias de um grupo em torno de Alpoim Galvão e Kaulza de Arriaga que nos havia de salvar do comunismo.
À parte disto, grosso modo, havia a maralha barbuda do MFA e as Assembleias selvagens que logo se arrepiavam perante o confronto directo, como registou Adelino Gomes, no 11 de Março. Em África, cedia-se o passo ao Império Soviético e Timor parecia uma Nova Goa, de onde saímos sem honra nem gloria.
Nessa memória juvenil sobre a galáxia militar do País, Jaime Neves surgia como um caso àparte. Era uma esperança que viria do Norte (já não sei porquê e agora não quis actualizar a memória no google). Incorruptível. Valente. Granjeador dos melhores, que o seguiam. Na verdíssima intuição, foi nele em quem confiei, como valor seguro na luta armada contra o jugo do Leste, por injusto que isso possa ser para Eanes, para o grupo dos Nove, também com Melo Antunes ou Victor Alves. (E é injusto, como qualquer investigação sustenta. Mas tento recuperar o olhar de então, sem os filtros do conhecimento posterior).
Mas Jaime Neves tinha a toda a colecção dos méritos, pessoais e militares. Gosto de quem arrisca para fazer o que é preciso, pelos outros e pelo País, sem dividendos. E continua com um ar normal.
1 comentários:
Querida Inez
Tempos recheados de emoções.
Nessa altura estava em Madrid e Franco ainda enchia as ruas da Capital em carro aberto de pé a fazer com o braço o sinal da falange perante os gritos uníssonos de "Franco!Franco!" ( o braço abanava como num Adeus devido ao Parkinson já avançado )
Spínola organizava uma invasão com as forças Fraquistas pois o Generalíssimo dizia que jamais permitiria que Portugal se tornasse numa ditadura carnificina Comunista.
A destruição de obras de arte sem preço com aquela louca invasão de solo Espanhol na Embaixada de Espanha em Lisboa com a bênção do mesmíssimo Governo Luso fora o ponto final na paciência de Francisco Franco.
Lino Neto, que conheci bem, último Ministro da Justiça de Caetano ia dando as notícias aos exilados pela loucura de Otelo e Vasco Gonçalves. Tambêm foi Lino Neto que nos contou que no dia 25 de Abril telefonou a Marcelo Caetano a perguntar se punha as forças Policiais todas na rua para abortar o Golpe e o Presidente do Conselho disse que NÃO! Queria que a revolução corresse.Estava farto do regime.Havia pedido a demissão mais de 20 vezes e Tomás não deixava. Pouca gente sabe disto!!!
Cunhal esfregava as mãos sequioso de sangue às ordens da vermelha Moscovo.
As listas com os nomes a assassinar estavam feitas!!!
Tudo foi abortado com a Graça do Senhor com a prata da casa e a invasão foi parada............
O resto...o resto é história...Duma coisa linda como a Democracia e Liberdade, esta gente fez de Portugal uma pocilga em 4 décadas....
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