segunda-feira, 26 de março de 2012

O homem rígido

“Temos de ser flexíveis”. Quantas vezes já ouvimos nós esta frase? Mas ao mesmo tempo vemos pessoas que nunca se arrependem de nada. Vejamos que espécie zoológica é esta que invade o espaço público.


Quem está permanentemente a lembrar que temos de ser flexíveis está a confessar que não o é. A repetição em ladainha de tal imperativo ético apenas enuncia uma lacuna e não uma realização. Ao mesmo tempo, lembro-me de ser criança e de se considerar na altura que das maiores virtudes de que um ser humano se poderia orgulhar era a de ter coluna vertebral. A posição erecta era considerada atributo maior de um ser humano digno desse nome. Hoje em dia a erecção tende a ser apenas diversão assistida terapeuticamente.

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sexta-feira, 9 de março de 2012

Paradoxos da igualdade

Cada época tem os seus mitos e as suas contradições. Quando hoje em dia o suburbano sorri condescendentemente para problemas levados a sério pelo homem antigo ou medieval apenas demonstra a sua menoridade. Não significa espírito crítico, ao contrário do que julga, mas tão simplesmente que está integrado num mito diverso e dele é incapaz de se desligar. A condescendência, ao contrário do desprezo, só é legítima quando é acto de generosidade, o que não é o caso.


Heródoto conta num episódio célebre como os gregos se escandalizam com os corpos abandonados às aves, perante escândalo igual de mazdeístas perante corpos queimados em piras funerárias, hábito dos gregos. Os gregos cedo se habituaram a essas diferenças e, não tanto ao re[...]
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