Têm os políticos de ser bonitos?
A pergunta parece descabida, convenhamos. Se falássemos de modelos, actrizes ou de cantores de música popular, talvez mesmo de apresentadores de televisão, o assunto poderia parecer ao menos de actualidade (o que não é sinónimo de razoável, apesar de tudo). Mas que sequer se coloque esta questão em relação aos políticos parece um poço de sem sentidos.
Mas propus-me analisar o campo que subtende à política. Se subtende é porque não aparece expresso. Porque, muitas vezes nem como pergunta foi suscitado. A pergunta de Einstein “o que se passaria comigo se eu viajasse num feixe de luz?” ou a pergunta ainda mais antiga “o que é o ser?” são perguntas reconhecidamente patetas, mas com resultados sobejamente fecundos. Sem ambição de obter os mesmos resultados, não tanto por humildade de autor, mas antes mais por menoridade do objecto, vejamos a que resultados ela nos conduz.
Convenhamos, não é na política onde se costumam encontrar as maiores belezas clássicas. No entanto, Alcibíades, uma das maiores belezas de Atenas, foi político. Filipe o Belo foi rei, e não dos menores. E os Anjous de Nápoles eram das famílias mais belas da Europa e isso não os impediu de ser reis de Nápoles, Polónia, Hungria, duques de Durazzo, de Atenas, condes da Provença e senhores de Avinhão (se se tornou cidade dos papas isso deveu-se a uma compra forçada à rainha Joana I de Nápoles, uma das mulheres mais belas do seu tempo). Por sinal, nem medíocres intelectualmente nem maus políticos.
Que não se espere dos governantes a beleza, pode-se dar de barato. Mas que lhes seja proibido já parece escandaloso. Ora, e admitamo-lo, a classe política actual é fundamental e irrevogavelmente... feia. E feia até à náusea em muitos casos, perdoem-me a asserção.
Se a coisa se ficasse por aqui, teríamos apenas a exposição pública de desgraças pessoais, o que é triste, mas não teria grande relevância política. O problema é que não se fica por aqui.
Em primeiro lugar porque representam externamente o país. Por essa Europa e por esse mundo afora o que se espalha é que os portugueses são...enfim, são assim. Como português confesso sentir-me muito mal representado. Porque admitindo a hipótese de serem realmente representativos da nação portuguesa, preferiria uma mentira indulgente a uma verdade tenebrosa. Sempre que passeiam pelo espaço internacional os seus semblantes o mundo olha e diz: ah, aquilo é um português. Nessas alturas sinto-me reconfortado de julgarem que sou italiano e fico tentado a não desfazer o equívoco.
A imagem já é relevante sobretudo para pessoas públicas que só vivem dela, que pouco mais têm que oferecer. Mas podemos ir um pouco mais fundo na análise.
É que um semblante esteticamente desfavorecido é sinal de uma adolescência e juventude sem grande sucesso junto do sexo oposto. Em bom rigor apenas o torna oposto, nada mais. Qual a psicologia que se forma quando as pessoas nunca tiveram ninguém que para elas olhasse e dissesse: que bonito, que bonita?
Nuns casos, as pessoas são sensatas, equilibradas, razoáveis. Vivem a sua vida privada, e consta-me mesmo que atingem a felicidade, seja na vida amorosa, seja na dedicação social, outras vezes religiosa. Mais raramente profissional.
O problema é que a grande maioria dos políticos actualmente em curso nos estrados do poder não trazem grandes êxitos profissionais. Olhando os seus curricula quando muito estiveram por engano nos Estados Unidos, a que foram chamados mas mais para endoutrinação passiva que para darem sabedoria, ou por meros acasos de juventude. Ou então, o que corresponde à maioria dos casos, não têm sequer grande experiência profissional mas apenas em aparelhos partidários.
Neste momento resta-nos a hipótese optimista de serem objecto de profundas paixões, ou de serem furiosos activistas sociais ou religiosos. Mesmo aí teríamos de verificar até que ponto qualquer destas actividades os preenchem. Prova impossível, intrometida e pouco curial. E mesmo que fosse verdade a causa, a consequência ficaria por provar, a saber, a de essas actividades lhes preencherem a vida.
A verdade é que tudo indica que não. Em primeiro lugar porque precisam de ir para a política, em segundo porque o semblante se mantém o que é. O que já o qualifica.
Resta-nos outro critério. De Gaulle ou Churchill não eram propriamente belezas clássicas. Mas eram homens imbuídos de História e consequentemente grandes políticos. Além do mais eram aristocratas. E nada redime mais a fealdade que a classe ou certas formas de santidade pelo menos.
Quanto a classe, não vale a pena discutirmos. De entre os apelidos toda a flora, fauna ou desagradáveis posturas atravessam os noticiários. Não são apelidos, são ferretes. Quanto a conhecimento de Historia, a avaliar pelo que dizem, começam na segunda guerra mundial, e as fontes são séries americanas dos anos de 1970. Lembro-me de um antigo deputado europeu que, dirigindo-se aos alemães, disse que a Alemanha ainda devia muito ao mundo. Talvez se ele referisse o facto de a China, o Japão e a Turquia terem dívida igual, mas totalmente por pagar, que apesar de tudo era essa Alemanha que lhe pagava o ordenado na sua maioria e que, sobretudo, a essa Alemanha se devia ele poder ir de avião para Bruxelas e não de burro, transporte de tecnologia portuguesa, talvez nesse caso pudesse haver alguma justiça nas suas palavras.
Nem classe, nem História. Consequentemente, nem presença nem futuro. Até agora só descobrimos factos deprimentes. O visível é deplorável, os apelidos pouco apresentáveis em sociedade, o passado nulo, o conhecimento pouco, o futuro curto, as compensações pouco prováveis.
Que são então políticos feios? Que psicologia podem trazer, dado que todos os factores de redenção que lhes tentámos encontrar não são existentes ou pelo menos passíveis de prova? Adolescentes e jovens de triste passado, que quando muito obtiveram parceira à força, ou graças a muito esforço, o que frequentemente é o mesmo. Habituaram-se a seduzir mentindo, em suma, porque não são sedutores. Ou a obter forçando, porque não lhes foi naturalmente oferecido. Trabalham no instável mas não para construir o permanente, porque perenizar no seu caso seria perenizar igualmente a sua desgraça. Sabem que conquistar no seu caso não é formar impérios, mas antes proceder a pilhagens. Usurpam, em conclusão.
A democracia não é para eles um valor mas apenas uma oportunidade. Sem ela seriam escorraçados liminarmente da vida política, ou teriam apenas lugares sem visibilidade. A democracia permite igualmente a existência do feio, do simplesmente feio, sem qualquer factor de redenção: classe, origem, obra ou serviço. Não são a sua seiva, mas o seu musgo.
Parecia que a pergunta não tinha qualquer sentido. Realmente. Mas atacando-a por várias frentes verificámos que apesar de tudo tem alguma valia. Houvéramos descoberto pontos de compensação, de salvação para a sua fealdade, e teríamos ficados descansados quanto ao nosso futuro. Não se trata de saber se as pessoas têm culpa de serem feias. Trata-se de saber se lhes é legítimo passear a sua fealdade, apenas ela e nada mais, no espaço público.
E trata-se, mais que tudo, de perceber a psicologia que se gera no feio típico que anseia pelo espaço público, o que nada mais tem para oferecer. Começámos na estética, passamos para a política e desembocamos na biologia. Porque falamos do contrário do que é nobre função do político: servir. Falamos em suma de parasitas. Esperemos que a tendência passe.
Alexandre Brandão da Veiga
2 comentários:
tendo em conta a omo sexualidade reprimida desde o tempo do ajax e de outros detergentes
ter a cara limpa e apelar às balzaquianas e ós balzaquianos ajuda
pois a 140mil por ano ainda dão 1 milhão e tal de votos
e as vóvós outros tantos
e prós mai novos políticos mui cotas tamém é chato...
a não ser que finjam que sabem dançar como o Jerónimo de Sousel
e ós gajos da geração de 60 com 160 mil nados por ano e fora ataques cardíacos e emigrantes
inda devem ser um basto milhão
ver gajos quase da sua igualha ou perto e com boa aparência
dá-lhes empatia....e sentimentos de auto-ilusão
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