terça-feira, 23 de junho de 2009

O manifesto dos 28

Vital Moreira, sobre o manifesto dos 28,hoje no Público, defende que a única questão relevante consiste em saber "(...) se as infra-estruturas de transportes são ou não essenciais.(...)". Defende que essa uma opção de natureza exclusivamente política, baseada em (puros) juízos políticos.Entende o eurodeputado que basta um político dizer se é essencial, ou não.

Por uma vez na vida, eu sou capaz de entender a natureza do devaneio.

O estrito critério da essencialidade, desprovido de qualquer racionalidade económica é o que faz as mulheres entrarem em qualquer sapataria.
Alguém duvida que quando olhamos para aquele que pode bem ser o nosso 20º par de sapatos, estamos cegas da vertigem do "agora é que vai ser", "estes são perfeitos", e "com estes calçados, fico tal e qual a raínha Rania"?

Pura essencialidade, nenhuma racionalidade, para descobrirmos afinal que não são os sapatos que fazem a elegância. Melhor fora que fizessemos dieta e exercício.

Todavia, Vital Moreira está a sugerir-nos algo mais audaz: que simplesmente vamos ao banco, levantemos as poupanças de uma vida, hipotequemos qualquer bem que ainda tenhamos e vamos desvairadamente comprar todas as jóias que conseguirmos.

E não é que me falte imaginação: da Avenida da Liberdade até à Cartier do Chiado,seria toda uma essencialidade de bom-gosto, elegância e distinção.

Confesso no entanto que a perspectiva de ser o meu filho a pagar-me a mensalidade no lar de idosos ( em redor dos mil euros mês)entre os 70 e os 90 anos ( vaso ruim não quebra), me parece obscena.

A essencialidade vai ter de esperar, os diamantes H. Winston também.

3 comentários:

Wittgenstein disse...

U paradigma num é esse: é u du Médio-Yuppie k agora vai oracular a carteira perguntando-se: já sou homenzinho, aos 32, para viajar em tgv, e chegar à runiõn com meia hora de avanço pera tomar um Martini c/ Cerveja: ou, pelo contrário. este país não é para Yuppies axpirantes... e irei em Alfa?...

LISBOA--PORTO a menos de 80 EUROS disse...

PORTO--LISBOA TGV por menos de 80 EUROS.
ASSINA.
RETORNO GARANTIDO

Táxi Pluvioso disse...

A conversa de "hipotecar o futuro" vem desde o tempo de Afonso Henriques, e, apesar de tudo ele (o futuro) aconteceu, nem nunca deixará de acontecer.

Sou contra as obras ditas faraónicas, não por razões de racionalidade, mas de Portugalidade. Só fariam sentido num país atrasado, periférico, mas Portugal é o centro da Europa, (que diabo Cronaldo é nosso!!!!) não precisa mais desenvolvimento, já tem todas as perfeições.