Dietrich Bonhoeffer 1906-1945: Une biographie Ferdinand Schlingensiepen Salvator (25 octobre 2005)
Um livro sobre o ambiente rarefeito da igreja protestante e das dificuldades que teve durante o nazismo, decorrentes da sua eclesiologia. Um homem comovente pela sua profunda procura de veracidade pessoal e das dificuldades e sofrimentos decorrentes de uma eclesiologia do livre exame, com todas as suas grandezas e fragilidades. E mais um entre os muito exemplos da origem do ecumenismo e como a II Guerra mundial contribuiu para ele.
Poucas biografias são simultaneamente tão comoventes e tão sinalizadoras de desperdício. Uma imensa figura moral e sem heroísmo fácil, uma imensa figura religiosa, mas sustentada numa teologia sobretudo problemática. Encontramos em Dietrich Bonhoeffer o paradoxo de Lutero, que Lutero iniciou, e que se vê com o século XX desenvolvido às últimas consequências. O dito livre exame redunda em cesaropapismo e não em mais liberdade eclesial. Mais dependência perante as variações do século e não mais liberdade individual. E no entanto, gera personagens que, exactamente pela sua solidão, se tornam em certo sentido mais heróicas.
Em nome da liberdade muita tirania foi criada, seja o regime puritano inglês, seja o Terror, seja o bolchevique. Em nome da liberdade diluíram-se estruturas que a poderiam garantir. Nada sai de graça nesta vida. Não é a valia do livre exame que está aqui em causa, mas conhecer-se os riscos do mesmo. Uma eclesiologia homeopática na sua consistência permite a apropriação da igreja pelo poder civil. Não separa a igreja e o Estado, permite a absorção da primeira pelo segundo. Nesse sentido, os nazis continuaram a política da Kulturkampf de Bismarck.
Dietrich Bonhoeffer não conseguiu sair das suas primeiras premissas. Observou com nostalgia a vida monástica católica e tentou mimá-la. Mas não conseguiu perceber que o cenobitismo apenas ganha consistência quando integrado numa igreja maior. A sua equação era impossível. Um dos muitos pioneiros do ecumenismo não poude, assim, como muitos do lado católico e ortodoxo, dar o passo seguinte. O de que a desunião dos cristãos é a principal ferida do cristianismo, mais que as jornalísticas inquisições e cruzadas, perseguições calvinistas e puritanismos não conformistas. Mas, tendo pago um preço grande por esse facto, não merece qualquer desprezo e muito menos condescendência. Bem pelo contrário: inspira-nos um profundo respeito.
1) http://www.arts.uwaterloo.ca/~diebon06/index.html
2) http://pt.wikipedia.org/wiki/Dietrich_Bonhoeffer
3) http://www.sociedadebonhoeffer.hpg.ig.com.br/olegado.htm
4) http://ovelhaperdida.wordpress.com/2007/12/13/poema-de-dietrich-bonhoeffer/
5) http://www.pensador.info/autor/Dietrich_Bonhoeffer/
6) http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/bonhoeffer/
Alexandre Brandão da Veiga
Poucas biografias são simultaneamente tão comoventes e tão sinalizadoras de desperdício. Uma imensa figura moral e sem heroísmo fácil, uma imensa figura religiosa, mas sustentada numa teologia sobretudo problemática. Encontramos em Dietrich Bonhoeffer o paradoxo de Lutero, que Lutero iniciou, e que se vê com o século XX desenvolvido às últimas consequências. O dito livre exame redunda em cesaropapismo e não em mais liberdade eclesial. Mais dependência perante as variações do século e não mais liberdade individual. E no entanto, gera personagens que, exactamente pela sua solidão, se tornam em certo sentido mais heróicas.
Em nome da liberdade muita tirania foi criada, seja o regime puritano inglês, seja o Terror, seja o bolchevique. Em nome da liberdade diluíram-se estruturas que a poderiam garantir. Nada sai de graça nesta vida. Não é a valia do livre exame que está aqui em causa, mas conhecer-se os riscos do mesmo. Uma eclesiologia homeopática na sua consistência permite a apropriação da igreja pelo poder civil. Não separa a igreja e o Estado, permite a absorção da primeira pelo segundo. Nesse sentido, os nazis continuaram a política da Kulturkampf de Bismarck.
Dietrich Bonhoeffer não conseguiu sair das suas primeiras premissas. Observou com nostalgia a vida monástica católica e tentou mimá-la. Mas não conseguiu perceber que o cenobitismo apenas ganha consistência quando integrado numa igreja maior. A sua equação era impossível. Um dos muitos pioneiros do ecumenismo não poude, assim, como muitos do lado católico e ortodoxo, dar o passo seguinte. O de que a desunião dos cristãos é a principal ferida do cristianismo, mais que as jornalísticas inquisições e cruzadas, perseguições calvinistas e puritanismos não conformistas. Mas, tendo pago um preço grande por esse facto, não merece qualquer desprezo e muito menos condescendência. Bem pelo contrário: inspira-nos um profundo respeito.
1) http://www.arts.uwaterloo.ca/~diebon06/index.html
2) http://pt.wikipedia.org/wiki/Dietrich_Bonhoeffer
3) http://www.sociedadebonhoeffer.hpg.ig.com.br/olegado.htm
4) http://ovelhaperdida.wordpress.com/2007/12/13/poema-de-dietrich-bonhoeffer/
5) http://www.pensador.info/autor/Dietrich_Bonhoeffer/
6) http://www.ushmm.org/museum/exhibit/online/bonhoeffer/
Alexandre Brandão da Veiga
1 comentários:
Muito obrigado por este interessante retrato psicológico de um Homem corajoso, como gostaríamos de ser. Igualmente grato pela análise que faz da relação entre Protestantismo e Estado (já ma tinham dado a conhecer respeitante à das Igrejas Ortodoxas),
João Wemans
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