sábado, 21 de março de 2009

A pureza


A propósito da atribuição dos prémios aos gestores da AIG nos EUA, o Presidente Obama e os responsáveis americanos consideram-na imoral, declararam-lhe uma guerra sem quartel e vão atrás desse dinheiro, nem que seja até ao inferno.

Por estes dias Sócrates, à saída de uma reunião europeia,fazia algumas afirmações e referia-se a um "dever moral". Disse-o Sócrates, como o poderiam ter dito alemães,franceses, espanhóis ou italianos.

Nos Estados Unidos, fala-se em criar um imposto ou taxa para fazer voltar aos cofres do Estado aquelas verbas "imorais". Nesse caso o imposto é o instrumento da moralidade.

Na Europa continental os Princípios da Legalidade e da Tipicidade não permitiriam a criação de nenhum imposto, muito menos reaver as verbas.

No velho continente gostamos das leis puras, expurgadas de qualquer moralidade. Se os prémios tivessem sido atribuídos em Portugal, ficavam na esfera jurídica de quem os tivesse recebido, graças à nossa sacrossanta figura dos "direitos adquiridos".

Pureza nas leis, temos muita.
Direitos adquiridos, também temos muitos.
Moral, nenhuma.

2 comentários:

Luis Melo disse...

Numa altura em que o mundo passa por uma crise financeira desta dimensão, é muito mais do que imoral, administradores receberem prémios pela sua gestão falhada.

Que eu saiba, em Portugal, os administradores de empresa têm no contrato uma clausula que os obriga a repor dinheiro, em caso de gestão falhada. Nos EUA não?

Anónimo disse...

O pobre sócrates não se enxerga, Sofia! Quer dar ares de grande coisa quando o que ele e´, pura e simplesmente, (alegadamente!)é um verbo de encher "balões" de banda desenhada