Big Pharma and the Medici Effect
Manter em vida o chamado “Big Pharma” e’ neste momento um desafio gigantesco. Ao peso de uma pressão reguladora que pretende medicamentos “risk free”, associa-se por um lado um forte decréscimo de produtividade no desenvolvimento de medicamentos apartir da sua raiz química em benefício da área das chamadas “small biotech” e por outro o aumento do numero de medicamentos conhecidos como “blockbusters” pelo seu enorme sucesso comercial, que terminando nestes anos as suas patentes ficam assim a mercê de genéricos que a 30% do custo do medicamento original chegam a “comer” 70% do mercado em menos de um mês após a sua comercialização.
Considerando que o desenvolvimento de um destes “blockbusters” custa hoje cerca de mil milhões de dólares, e que se uma vez era possível comercializar o produto após 5 anos de desenvolvimento, hoje em média são necessários 15 anos para finalizar o processo de desenvolvimento e aprovação, (o que resulta em escassos 5 anos de exclusividade para recuperar o investimento feito), resulta pois quase impossível manter o clássico modelo de negócio farmacêutico, mantendo ao mesmo tempo, um pipeline rico de produtos, de elevado throughput e capaz de gerar trabalho estavel e bem pago.
Tudo isto para referir que estão assim reunidas as condições para o vento de mudança estratégica que está a começar a varrer muitas organizações (em particular as que têm como base uma forte competencia em R&D) na direcção de encontrar novas formas de colaboração que permitam diminuir os custos e aumentar o acesso à inovação e a novas sinergias tecnológicas.
A transformação de grandes campus de investigação ate’ agora de propriedade exclusiva de uma empresa em espaços abertos onde plataformas tecnológicas são partilhadas por inúmeras “ventures” que se apropriam de equity e dividem o risco, ou inclusivamente o spin-off comercial de algumas competências com a criação de empresas dentro de empresas, de forma a absorver custos fixos e a diminuir a necessidade de despedir, são assim e tambem exemplos de uma nova forma de ver a investigação e o desenvolvimento. A Olandesa Philips esta a construir um High -Tech Campus em Shanghai á imagem do open campus que desenvolveu nos seus headquarters em Eindhoven. Considerando que muitas das novas indústrias de desenvolvimento mais recente têm como génese modelos de negócio que se baseiam exclusivamente neste tipo de princípios de "open-campus", penso que iremos ver mais e mais exemplos desta fragmentação e desagregação de competências e de tecnologia em indústrias tradicionais que por definição tem sido muito mais monolíticas e agarradas as suas “working ways”. Os tempos são propícios a mudança e quem neste momento, em que os modelos tradicionais se encontram em profunda crise, se mexer depressa e bem, adquirirá seguramente vantagens competitivas que permitirão não só a sua sobrevivência financeira a curto prazo mas também a garantia da criação de valor e de produtos inovadores durante a incerta e misteriosa década que se aproxima.
Para quem se interessa por temas de inovação e colaboração recomendo dois excelentes livros da Harvard Business School Press: “Science Business” de Gary Pisano, e “The Medici Effect” de Frans Johanssen. Este segundo livro em particular, abre com um muito interessante exemplo em que refere o Peter’s Café na ilha da Horta nos Açores como tendo sido nos anos, um epicentro de inovação das artes náuticas, e um prolifico e creativo local de encontro de gente rica em muitíssimas e variadas disciplinas profissionais e proveniente de praticamente todo o mundo.
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