Só me faltava mais esta!
Parece hoje muito certa aquela afirmação de Montaigne, que diz: «Não há menos tormento no governo de uma família do que no de um Estado inteiro.»
Não se preocupem que não vou aqui falar sobre a história do Freeport e do eventual envolvimento que nele possa ter tido o nosso primeiro-ministro. As pessoas devem ser investigadas - quando tal se justifique - com ordem e com correcção pela justiça e pelos jornais e nesse âmbito, apenas, devem essas suas acções ser julgadas e avaliadas. Neste caso, além disso, tudo indica que não poderemos queixar-nos, como sempre nos queixamos, da ineficácia da nossa justiça e dos nossos jornais, porque ambas as investigações, ao que parece, estarão a ser desenvolvidas em Inglaterra. Esperemos, apenas, que, desta vez, não seja só para inglês ver.
Há, no entanto, uma conclusão política que talvez se possa já tirar de todo este processo. Refiro-me às putativas medidas de esquerda que, tendo sido tomadas por este governo, todos teimavam em afirmar que mais não eram do que meras jogadas políticas para conquistar esse eleitorado mais radical, que alegremente se afastava do espectro socialista de Sócrates. Ora, vemos agora como isso pode ser infame e totalmente falso. Com efeito, podemos hoje aventar, não sem razão, que as várias medidas de ruptura que este governo introduziu no âmbito das políticas de família, não terão tanto a ver com questões eleitorais, nem ideológicas, mas com a experiência pessoal negativa que, neste campo, é, de uma forma evidente, a do nosso primeiro-ministro. É que, como disse Marcelo Rebelo de Sousa, para uma figura pública, de facto, é uma maçada ter uma família assim!
2 comentários:
Gonçalo,
Por estes dias tenho lido o que a imprensa vai publicando sobre o assunto.
Temo que a preocupação exacerbada com o dinheiro, qautro milhões, se funde numa perspectiva irrealista, cinéfila, do que é a corrupção.
Será que a Tia do Primeiro-Ministro (mulher do tio) é professora e isto é uma pequena vingança?
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