Cais das Colunas, uma breve Elegia
Tanto tempo depois, passar no Terreiro do Paço e ver o Cais das Colunas, foi uma inesperada surpresa. Daquelas surpresas que nascem de onde menos esperamos. É como um dia reparar no pôr-do-sol. Não será essa uma das maravilhas da existência?, o despertar repentino do que está adormecido?
Fosse o mundo perfeito e as duas colunas que emergem do Tejo não se nos apartariam mais do olhar. Vamos perdê-las em breve. Não sabemos se as voltaremos a ver ou se as perderemos para sempre. Por enquanto, por breves momentos, passaremos por elas. Para as fixar no nosso espírito, e as guardar.
O mundo, porque é mundo, não é justo. Mas, onde as guardarmos, imorredouras, elas vencerão a injustiça, e hão-de brilhar. Como as estrelas no céu infinito que perseguimos sem alcançar. Mas que, se não brilhassem, nos fariam morrer, sem luz, nem luar.
Lado a lado, não sabemos se chegam ou partem. Sabemos apenas que permanecem lado a lado, como se uma da outra não se pudessem separar. Também nós não sabemos se chegamos ou partimos. Mistério do espaço, ilusão do tempo, metáfora do destino. Cais das colunas!, palco de amantes, sempre prestes a se abraçar.
1 comentários:
Bem poético, e a belíssima imagem a condizer, iluminando o que nos vai na alma: essa nostalgia,
ou saudade; o sofrer tão suavemente...
É espantoso estar vivo, evocar tempos e coisas que já lá vão, trazê-los ao agora e acalentar a Esperança.
JW
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