Lagarto às cores manda mulher para a prisão
Lagarto às cores manda mulher para a prisão. O lagarto foi considerado culpado pelo atropelamento do polícia.
Este poderia ter sido o início do artigo do Correio da Manhã caso eu não tivesse travado mesmo em cima do polícia.
No passado domingo ao meio-dia eu descia, a conduzir, a Rua do Alecrim. Estava um dia claro, de sol, ao fundo o Tejo brilhava metálico.
Começo a ver, ao fundo da rua, do lado esquerdo, uma festa de fitas ondulantes coloridas, estapafúrdias, desgarradas, a esticarem-me os braços. Olhava, olhava e ria. Lembravam-me Barcelona e os lagartos de pedra de Gaudí.
Comecei a rir, como rio sempre que a beleza me interpela. Sempre que dou com o belo, rio. Se vejo na rua um homem, uma mulher, uma criança de beleza superior, rio sempre.
Tratava-se da nova obra de Joana Vasconcelos. Um lagarto de ráfia em cima de um prédio em reconstrução na Rua do Alecrim.
Travei já em cima do polícia roxo de tanto apitar que tentava por ordem no trânsito.
Nem assim perdi o riso de contentamento que aquele lagarto me provocou.
Abençoada rapariga sem respeito pelas proporções nem deferência pelo preto e branco.
2 comentários:
Há nos trabalhos da Joana Vasconcelos um riso narrativo - seja lá o que isso for - que me diverte, intriga e faz feliz. Só por isso vou já pôr duas imagens num post lá me cima.
Manel, eu também tive vontade, mas não pus porque tive dúvidas sobre a legalidade do expediente.
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