Lo Lee Ta
O post do Manuel e particularmente o singular desenho que o ilustra, fez-me pensar no “Lolita” de Nabokov: “Lolita, light of my life, fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta: the tip of the tongue taking a trip of three steps down the palate to tap, at three, on the teeth. Lo. Lee. Ta. “
Por coincidencia li hoje a excitante noticia que refere que depois de anos de publica indecisao, Dmitri Nabokov decidiu finalmente publicar o manuscrito de “Laura”, a ultima obra escrita pelo seu pai Vladimir. Este desconhecido e incompleto romance, que somente o biografo de Vladimir Nabokov, o proprio Dmitri e uma obscura professora universitaria de nome Lara (Laura?) tiveram a oportunidade de ler, encontra-se fechado na caixa forte de um banco na Suica rodeado de misterio e especulacao. Por um lado, Dmitri descreve a obra como o mais concentrado exemplo da creatividade de seu pai. Os curtos trechos que escaparam ao segredo sugerem um denso e rico enredo de obsessao e promiscuidade. No entanto, durante os ultimos anos , Dmitri anunciou publicamente e por varias vezes a sua intencao de queimar o dito manuscrito. Nabokov, no seu leito de morte tera’ pedido ao filho que destruisse “Laura” por considerar esta uma obra imperfeita e impropria para ser exposta ao mundo literario.
Deixo aos leitores(as) do Geracao o seguinte dilema: na pele de Dmitri, publicaria o romance permitindo ao mundo a leitura e o estudo da derradeira obra de um dos mais importantes escritores do sec XX, ou pelo contrario, por respeito filial e moral, queimaria o manuscrito respeitando assim o direito de quem cria de decidir a sorte e o valor das suas criacoes?
Desculpem a insistente falta de acentos. Faltam-me as teclas.......
3 comentários:
Ora aqui está uma boa mistura de indisfarçável vaidade, inconfundível cobardia e perigosa perversão. Há heranças que não se deixam aos filhos. Vladimir que se dane!
Acho que não há herança mais pesada do que ser "filho de" Nabokov, como castigo já é o bastante.
Quanto à obra - obsessão, promiscuidade, perversidade - pois que venha!
Num mundo onde abrir um livro e ser surpreendido por um bom parágrafo, é bem raro, que venha depressa.
Como começará este livro?
Pessoalmente não deixaria de corresponder a um pedido do meu Pai. Pegava nas folhas e lançava-lhes fogo sem qualquer problema. Para mais, o pai em causa já havia deixado ao mundo uma obra como Lolita - mais do que a maior parte de nós alguma vez fará (julgo que Dimitri incluído).
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