Ainda o anonimato
Uma vez que lancei o tema achei que devia voltar ao mesmo e fazê-lo na forma de um post para responder a muito do que foi dito de forma anónima ou não.
Não foi minha intenção propor ao blog que eliminasse todos os comentários anónimos mas apenas aqueles "de carácter pessoal e ofensivo" sem qualquer relação com temas públicos. Podemos ter opiniões diferentes sobre os méritos e deméritos de escrever sob anonimato na blogoesfera. Compreendo que as posições públicas ou funções profissionais de alguns não lhes ofereçam muitas alternativas para intervir no espaço público que não seja assumirem heterónimos ou o anonimato. E não podemos exigir que todos sejam heróis. Por outro lado, o anonimato elimina a consciência do nosso interlocutor e dificulta, dessa forma, um debate de iguais e informado. O mais importante, no entanto, é que, independentemente da nossa opinião a respeito do anonimato (podendo mesmo, como se vê, ter um debate forte e duro a esse respeito) a Geração de 60 sempre respeitou e tolerou (mesmo quando discordando) os anónimos que escrevem neste blog. Apenas exige o mesmo. O anonimato, quando justificado, é um instrumento de protecção de quem escreve e não de ofensa a quem lê. É por isso que, independentemente, da nossa opinião sobre o anonimato em geral na blogoesfera, é importante distinguir entre os comentários anónimos de natureza pública e os comentários anónimos de natureza privada. Os segundos são inadmissíveis e foram apenas comentários desse tipo que foram retirados. São esses comentários que privatizam a esfera pública e a instrumentalizam, debaixo do anonimato, aos ódios e conflitos privados de alguns. Os outros, podemos ou não concordar com eles, mas sempre aqui foram respeitados e penso que assim continuará a ser.
Não foi minha intenção propor ao blog que eliminasse todos os comentários anónimos mas apenas aqueles "de carácter pessoal e ofensivo" sem qualquer relação com temas públicos. Podemos ter opiniões diferentes sobre os méritos e deméritos de escrever sob anonimato na blogoesfera. Compreendo que as posições públicas ou funções profissionais de alguns não lhes ofereçam muitas alternativas para intervir no espaço público que não seja assumirem heterónimos ou o anonimato. E não podemos exigir que todos sejam heróis. Por outro lado, o anonimato elimina a consciência do nosso interlocutor e dificulta, dessa forma, um debate de iguais e informado. O mais importante, no entanto, é que, independentemente da nossa opinião a respeito do anonimato (podendo mesmo, como se vê, ter um debate forte e duro a esse respeito) a Geração de 60 sempre respeitou e tolerou (mesmo quando discordando) os anónimos que escrevem neste blog. Apenas exige o mesmo. O anonimato, quando justificado, é um instrumento de protecção de quem escreve e não de ofensa a quem lê. É por isso que, independentemente, da nossa opinião sobre o anonimato em geral na blogoesfera, é importante distinguir entre os comentários anónimos de natureza pública e os comentários anónimos de natureza privada. Os segundos são inadmissíveis e foram apenas comentários desse tipo que foram retirados. São esses comentários que privatizam a esfera pública e a instrumentalizam, debaixo do anonimato, aos ódios e conflitos privados de alguns. Os outros, podemos ou não concordar com eles, mas sempre aqui foram respeitados e penso que assim continuará a ser.
8 comentários:
Calhou-lhe em sorte ter sido o Miguel a escrever o post,mas obviamente corresponde a um consenso dos autores do blog.
Foi óbvio que o critério era cumulativo,i.é, referiamo-nos a:
- ANÓNIMOS E, que para além disso;
- TIVESSEM NESTE ESPAÇO COMPORTAMENTOS DE ÍNDOLE PESSOAL E OFENSIVOS RELATIVAMENTE A QUALQUER AUTOR DESTE BLOG.
Até porque parece óbvio que se alguém conhece algum comportamento capaz de se afigurar como ilícito ou mesmo crime, deve apresentar queixa ás autoridades competentes, mostrando as provas que tem.
Dos comentários anónimos, eleminar os "de carácter pessoal e ofensivo" sem qualquer relação com temas públicos, parece-me certo, embora definir a fronteira entre o que é um “tema público” e o que não o é, poderá tornar-se dúbio em certas circunstâncias, pelo que, nesses casos a sua eliminação poderá não ser justa.
Se escrevo sob anonimato, não é pela posição pública (que não a tenho) nem pela função profissional, nem por medo, nem por cobardia… Simplesmente porque, no caso em que me exprimo assim, não atribuo importância ao nome.
Como para o Platão - a realidade são as sombras e, neste caso, as sombras são as palavras que se escrevem e que expressam ideias – só a inteligência de quem vê poderá verdadeiramente ler as sombras; depois, depois cada um que formule a imagem e o nome mais adequado ao que viu.
O autor deste post tem-se como herói porque deixa o nome escrito?...
Tenho em muitas ocasiões verificado que quem deixa o nome nestas coisas é por vaidade, ou por necessidade de dar corpo ao seu curriculum vitae…
Efectivamente, em ocasião de debate, poderá acontecer a eliminação da consciência do interlocutor anónimo, mas, também poderá ocorrer que este efectivamente continue consciente do debate que protagoniza, gerando-se sim uma raiva incontrolável daquele que se vê como corajoso (o que apresenta um nome que o liga ao mundo existencial e dos sentidos), por não ter disponíveis no debate outros sinais senão as palavras.
Cada um deixa os sinais que entender mais adequados à formulação da ideia que pretende projectar.
Certo dia, durante a inauguração de uma exposição de um pintor famoso, um amigo seu, deslumbrado com uma das obras expostas, pergunta-lhe: “Manuel, que queres tu dizer com este fundo branco?”, e o pintor, de poucas palavras, responde: “António, não sei, saiu assim…”, e foi interrompido por outros convidados. Pouco depois, o amigo António, diante de outro quadro, chama o pintor, afirma e pergunta: “Manuel, que linhas tão expressivas, umas curvas e outras rectas… Podes explicar-me porque as desenhaste brancas sobre aquele fundo negro?” O pintor respondeu: “Bem, sinceramente, não foi premeditado, saiu assim… Desculpa António, estão a chamar-me daquele lado.” E foi conversar para o outro lado da sala. Passam alguns minutos, e o amigo António desloca-se para o mesmo lado da sala, aproxima-se do artista, fixa outra obra, sem tirar os olhos da tela volta a dirigir a voz ao autor: “Meu caro Manuel, que formas, que mãos tu tens, que composições tu consegues fixar!... Quero compreender esta cor, estas linhas, estes volumes; diz-me da tua sabedoria - o que queres transmitir com esta obra tão bela, e tão pujante?” O pintor, dando já sinais de insatisfação, responde: “António, se eu soubesse dizer por palavras o que pintei, não tinha pintado…”
De resto, o debate, sob a forma de anonimato, ou não, nunca é “de iguais”, podendo no entanto ser “informado”, já que a condição de anonimato não impede a capacidade de informação. (Tantos casos há de debate com nome e sem informação!...) Agora, “iguais”, é que nunca acontecem. Não há dois iguais. Veja bem, e verificará que não há dois iguais. Nem você mesmo; no instante seguinte já não é o mesmo que foi no anterior, tudo envelheceu e o conhecimento adquiriu mais informação, e você é outro.
Quais os limites da “esfera pública”, quem os define, com que critérios?... Talvez seja conviniente aos donos do blog fixá-los, conjuntamente a outras regras e critérios de participação.
Vivemos um tempo de medos, medo do escuro, do quarto-escuro, dos açoites, dos ralhetes, do papão… Parece tudo recalcado nas memórias da geração de 60.
Ai os nossos pais, serão eles os culpados?
Lendo os da Geração de 60 que têm escrito sobre esta questão do anonimato, logo se me depara um espelho entre os que escrevem o nome e os que se exprimem em anonimato – uma imagem de medo de um e outro lado…
Não deverá antes fazer-se o combate ao medo e não ao anonimato?
Cumprimentos.
Anónimo.
Eu, o Anónimo do comentário longo, das 20:04, por vezes também assino como NC, outras como Cónio.
Felicidades.
Eu, o Anónimo, o NC, e o Cónio sou o mesmo Anónimo que comentou no dia 13 de Novembro de 2008, às 22:55, o post então colocado pelo Manuel S. Fonseca intitulado "Anónimos".
Continuação de felicidades.
Ao long post anónimo: agradeço o muito de interessante que escreve e
posso compreender algumas das razões que apresenta mas continuo a achar que, idealmente, o discurso deve ter a consciência do outro. É que um debate nunca são apenas as palavras mas, igualmente, o contexto em que são ditas (e isso inclui quem as escreve: as mesmas palavras ganham significados diferentes consoante quem as escreve e, por ex., o que tinha escrito antes). Quanto à dificuldade de definir espaço público ela é verdadeira mas existe em todas as definições. Qualquer classificação e distinção contêm zonas cinzentas e são, em parte, artificiais (um tipo contem sempre elementos do tipo que se lhe distingue e é por isso que o deconstructivismo é uma abordagem tão popular). Como jurísta estou habituado a viver com isso todos os dias (o que não significa que tenha em conta os riscos disso mesmo). Se sempre que uma definição ou classificação não fosse totalmente estanque não a pudesse utilizar estaria impedido de decidir... O importante, neste caso, é a finalidade do discurso e que essa exige o máximo de tolerância mas não a tolerância para com a intolerância.
um abraço
Miguel
Miguel
embora anónimo gostei muito deste teu último comentário, não só pelo conteúdo ideológico mas pela humanidade da saudação pessoal
não sei se este comentário é de natureza pública ou privada mas espero que seja de natureza pública senão estou lixado
assina: anónimo que ainda aqui não comentou enquanto anónimo mas que tem uma particular aversão à aversão ao anonimato
PS.: também estou de acordo com o post
abraço
anónimo
Talvez o Miguel tenha razão, ou talvez não...
Como discernir a Verdade?
Como fixar valores?
Como definir critérios?
Que lugar ocupa a moral no convívio dos homens?
***
Todo modo, obrigado pela troca de palavras que permitiu. Embora o Miguel continue tão anónimo ao meu discernimento quanto eu para si, parece-me que as sombras que temos deixado aqui, todos os que temos escrito e comentado sobre este tema, têm contribuido ao exercício do pensamento de muitos dos participantes que de algum modo interagem com o Geração de 60.
Isso parece-me o mais importante nas abordagens que faço ao Geração de 60. É isso que procuro quando leio, e pretendo deixar quando comento. Tudo o resto parece-me de menor importância.
Fico-me por aqui.
Abraço e felicidades.
Anónimo do comentário longo.
Apenas para agradecer aos últimos dois anónimos, agora um pouco menos anónimos para mim. um abraço
Miguel
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