Domingo no Barreiro
No último domingo, depois do almoço, decidimos ir ver um jogo de Basquete sénior entre o Benfica e o CAB ( equipa medeirense), e tendo amigos dos dois lado da contenda, era uma boa ocasião para os ver.
O jogo disputava-se no Barreiro. Eu nunca tinha ido ao Barreiro. Atravessámos a ponte e nem de propósito, o céu tornava-se cada vez mais chumboso, a ameaçar saraivada.
Entrámos no Barreiro, percorremos ruas e ruelas, entrámos em bairros e becos. Durante uma hora varámos o Barreiro. Para trás, para a frente, a água ali ao pé.
Simplesmente não se dava com o pavilhão, de que também não sabíamos o nome.
Coisa que parecia impossível, nem uma placa, nada, as poucas pessoas que passavam na rua também não sabiam.
Víamos o Cristo Rei e Lisboa do outro lado. A redundância continuava porque na outra margem havia sol.
O Barreiro foi a terra portuguesa mais feia, pobre, abandonada, suja e desgraçada que vi até hoje.
O pavilhão, que descobrimos ser municipal, ficava num bairro miserável. Vimos o jogo.
O Benfica ganhou justamente, trazendo a taça.
Durante todo o tempo em que lá estive, ocorria-me que àquela gente ninguém dá um jeito, àquela gente ninguém arrenda casas por 35 euros. Com sorte, pagarão 350 euros, sabe lá Deus como.
Deve ser da vista, vê-se a Basílica de Estrela e o Cristo Rei, de costas, é certo, mas caramba, sempre tem a sua magnitude.
3 comentários:
Acho que todos os portugueses deveriam, um dia, ser convidados a percorrer os subúrbios num domingo à tarde para ganharem uma nova noção do "país real".
Parabéns por gostar de basquetebol.
Um desporto diferente e, para português médio, uma coisa muito original (não haver balizas atrapalha a compreensão da coisa...)
Heródoto O`Neal
Ao Magnus: real é o país todo, da Av. da Liberdade ao Barreiro. O problema são as assimetrias. A disparidade de desenvolvimento. Tanto mais que sendo um país pequeno, mal se compreende este estado de coisas.
Ao O´Neal: já gostei mais. Há quinze anos, quando o Benfica do Mário Palma e Carlos Lisboa ganhavam na Europa, Real Madrid incluído.
Ou mesmo daquelas super equipas que a PT inventou, parada de estrelas. Treinadores reformaram-se, outros emigraram, jogadores idem.
Hoje anda tudo tristonho.
Todavia, tenho de deixar publico tetemunho, o Benfica tem excelente minibásqute, talvez ainda haja esperança.
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