domingo, 11 de maio de 2008

A insonsa Therese, a imortal Elise

Ludwig adorava Therese. Mas nunca ninguém tinha ensinado Thesese a amar. Em lá menor, Ludwig cantou Therese como ninguém a poderia cantar. Com péssima caligrafia, mas inspirada mão direita e arpejos da esquerda, Ludwig escreveu “Für Therese”, para com ela casar. Mas Therese, com o amor de quem não sabia amar, a Ludwig disse não, para dizer sim a von Drosdick, que era barão. Justiça poética: a caligrafia de Ludwig, de fazer dó, mal lida e em sustenido, fez da real e insonsa Therese, a imortal Elise que agora, como Ludwig, gostaríamos de eternamente amar:



Für Elise”, é um magistral solo de piano de Beethoven. Começa com uma irreprimível alegria (“joy”, em inglês, diz melhor o que o alemão tinha na sua surda cabeça), passa por uma atormentada dúvida e termina no mais certo e esgazeado sofrimento. Por tudo isto, que acontece em 3 minutos e 37 segundos, vale a pena amarmos, sem distinção, o obstinado Ludwig, a prosaica Therese e a etérea Elise.

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