terça-feira, 22 de abril de 2008

Pre-emptive strike

Não sei se obedeço à consciência ou ao medo mas depois do post do Pedro Norton não me resta alternativa… Não tendo estado no jantar (sou o estrangeirado do blog) senti as orelhas à arderem. A verdade é que este fim de semana tive vontade e tempo para fazer um par de posts a partir de Dubrovnik onde me encontrava. Ao ler o Público no Hotel (o mundo moderno permite ter um jornal português do dia num hotel a milhares de quilómetros de Portugal) não resisti a comentar a entrevista do Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática. O problema foi que acabei por também resistir a aceder à Internet a 24 euros por dia… Suponho que foi uma questão de matemática… Seja como for ainda vou a tempo de elogiar a entrevista e de impedir a minha imediata (e justificada) expulsão. Como o Pedro terá apreciado no Benfica-Sporting a melhor defesa é mesmo o ataque (sorry aos Benfiquistas do blog mas a diversidade que pretendemos também é clubista).
O que me impressionou na entrevista do Professor Nuno Crato é a forma como ela contrasta com a abordagem dogmática dos problemas do ensino que tem dominado o nosso debate público. Quem a ler percebe facilmente como tão pouco científico tem sido esse debate. Desde logo, na forma como o nosso discurso sobre a educação tem sido facilmente contaminado por uma lógica de dogmatismo científico e/ou ideológico que é o contrário da própria ciência. Esta foi a primeira entrevista em que encontrei alguém que parece exercer um verdadeiro discurso reflexivo e crítico sobre a fins e os métodos de ensinar. Sem medo de reconhecer que também se enganou e com uma abordagem metodológica aberta e dominada pelo bom senso científico (o que também é diferente do mero bom senso!). Esta entrevista demonstra o poder de uma abordagem científica que não se deixa conquistar ou transformar numa ideologia. Um belo exemplo do poder da matemática. Não conheço o Professor Nuno Crato mas fiquei fan.
Já agora complementem a leitura da parte da entrevista relativa à avaliação dos Professores com a leitura do primeiro capítulo de Freakeconomics. Uma leitura que demonstrará bem como o debate português se faz, por vezes, ignorando as questões realmente relevantes….

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