O BCP de pernas para o ar
No início de Setembro, para minha grande indignação e para grande indiferença do resto do Mundo, o Público noticiou que Joe Berardo teria vendido as suas acções da PT ao fundo de pensões do BCP (gerido por Castro Henriques) para assim financiar a compra de acções do próprio BCP e reforçar a equipa de apoiantes de Paulo Teixeira Pinto. Agora rebenta no Expresso o escândalo do perdão da dívida ao filho de Jorge Jardim Gonçalves e ao accionista Goes Ferreira.
A forma como o BCP é gerido não me diz respeito. Não sou accionista (apesar de tudo, hélas!) nem tenho razões para tomar partido na suas lutas intestinas. O BCP e os seus accionistas, o BP e a CMVM que «apaguem» a crise.
O que me preocupa como cidadão é ver, expostos numa entidade privada tida até há pouco tempo como um caso de sucesso, todos os vícios e defeitos que tradicionalmente se apontam à administração e às empresas públicas: a total ausência de uma ética de serviço (seja ele público ou privado), a confusão entre interesses pessoais e colectivos, o nepotismo mais desabrido, as teias de cumplicidades mais inconfessáveis, a incontornável «arte da cunha». O que me preocupa é pôr a hipótese de esta cultura de nepotismo que mina os fundamentos de uma sociedade que se quer justa e meritocrática grassar, não apenas numa administração pública irreformável, mas ser endémica na sociedade portuguesa como um todo.
É a diferença entre se ter um tumor ou um cancro generalizado.
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