IV. Roger Scruton, England, Chatto & Windus
É evidente que Scruton afirma que em última análise apenas conta uma história. Uma história sobre os ingleses, ou melhor sobre a Inglaterra. É verdade que reconhece que a grande cultura inglesa, como todas as outras é afinal cosmopolita, embora não tenha a lisura de reconhecer que, mais que cosmopolita é europeia, dado que a imensa maioria de nomes que cita são, e não por acaso europeus. Mas o que reconhecer é incompleto. Pretende fazer um elogio e para isso conta um história. Como a conta mal, o elogio fica coxo. Há coisas bem mais belas a dizer sobre a Inglaterra que as que a low middle class consegue dizer.
A sua visão é a de um voyeur que repete lugares comuns sobre imagens que lhe vinham de classes que lhe eram superiores. A sua nostalgia é a de um lugar que nunca poude ocupar. O que tem de específico a Inglaterra é o ter tido dois fenómenos em conjunto: uma classe media temporã e a expansão desse modelo. Outros países tiveram classe media mais cedo ainda que a Inglaterra. A Itália medieval, a Londres, os Países Baixos, o Midi francês. A diferença é que foram absorvidos pela aristocracia ou não tiveram a capacidade de excisão do seu modelo idêntico à da classe média britânica. Por isso se compreenda que Scruton se defina como um conservador céptico. Burke era um conservador realista. Falava do que sabia e do que via ser realidade. O seu respeito e admiração pela França e pela cultura continental era também sustento da sua admiração pela Inglaterra.
Scruton tem muita coisa que lhe permitiria ser um grande pensador. É inteligente, culto, independente. Mas estando dominado pela sua origem social, não conseguindo dela libertar-se, é mais um exemplo afinal do que a sociedade britânica antiga que tanto elogia conseguiu criar de limitação. Ao contrário do grande aristocrata Burke falta-lhe a elevação de vistas que só pode ter quem nasceu nas alturas.
Alexandre Brandão da Veiga
http://www.roger-scruton.com/
http://roger-scruton.blogspot.com/
http://www.newcriterion.com/archive/21/feb03/burke.htm
http://web.educom.pt/~pr1327/online/RevolucaoLogicaModerna.doc
http://www.mmisi.org/ir/39_01_2/scruton.pdf
A sua visão é a de um voyeur que repete lugares comuns sobre imagens que lhe vinham de classes que lhe eram superiores. A sua nostalgia é a de um lugar que nunca poude ocupar. O que tem de específico a Inglaterra é o ter tido dois fenómenos em conjunto: uma classe media temporã e a expansão desse modelo. Outros países tiveram classe media mais cedo ainda que a Inglaterra. A Itália medieval, a Londres, os Países Baixos, o Midi francês. A diferença é que foram absorvidos pela aristocracia ou não tiveram a capacidade de excisão do seu modelo idêntico à da classe média britânica. Por isso se compreenda que Scruton se defina como um conservador céptico. Burke era um conservador realista. Falava do que sabia e do que via ser realidade. O seu respeito e admiração pela França e pela cultura continental era também sustento da sua admiração pela Inglaterra.
Scruton tem muita coisa que lhe permitiria ser um grande pensador. É inteligente, culto, independente. Mas estando dominado pela sua origem social, não conseguindo dela libertar-se, é mais um exemplo afinal do que a sociedade britânica antiga que tanto elogia conseguiu criar de limitação. Ao contrário do grande aristocrata Burke falta-lhe a elevação de vistas que só pode ter quem nasceu nas alturas.
Alexandre Brandão da Veiga
http://www.roger-scruton.com/
http://roger-scruton.blogspot.com/
http://www.newcriterion.com/archive/21/feb03/burke.htm
http://web.educom.pt/~pr1327/online/RevolucaoLogicaModerna.doc
http://www.mmisi.org/ir/39_01_2/scruton.pdf
1 comentários:
Rudolf Höss - o comandante do campo de concentração de Auschwitz era fluente em inglês mas fraco em aritmética
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