quinta-feira, 12 de julho de 2007

IV. O discurso de Ratisbona

É facto curioso que há quem invoque a Turquia é herdeira da cultura bizantina e por isso é um país europeu. Dupla confusão. Em primeiro lugar porque Bizâncio não é a Europa. Mas mais gritante neste caso concreto o facto de o turco se sentir ofendido por ser citada a cultura bizantina. Com efeito, esta foi durante os oito séculos de convívio com o Islão profundamente anti-muçulmana. E retiradas a alianças políticas e talvez em parte alguma genealogia das iconoclastias (questão muito discutida, entenda-se) poucas sociedades foram mais virulentamente anti-muçulmanas quanto Bizâncio. Os opositores ao discurso de Ratisbona são contra a herança bizantina e em geral ortodoxa, o que se vê pela sua russofobia endémica.

Esta dissecação da rã, os opositores do discurso de Bento XVI, permite-nos ver quais são as suas características morfológicas principais:
1) Ignora a cultura grega mas está disposto a odiá-la nos seus traços essenciais;
2) É opositora a Galileu, à livre expressão e ao livre ensino, que querer ver vergado por razões políticas;
3) Está contra a separação entre igreja e Estado, e bem pelo contrário quer a dominação desta pelo político deixando que o religioso domine o político no mundo islâmico;
4) Acha os muçulmanos um conjunto de exaltados;
5) É contra a cultura ortodoxa, seja ela bizantina ou eslava;
6) E em suma acha que só a ignorância funda a autoridade.

As conclusões parecem ser meramente lógicas. Mas para quem usa “meramente” junto com a “lógica” já diz muito sobre o estado da sua razão. Seja como for, basta ver que o comportamento da rã em questão é consistente com esta descrição. Observemo-la no dia a dia e veremos como o que digo é relevante.

Já a dissecámos e deixemo-la em paz por isso. Ela que vá para o pântano julgar-se alvo da cobiça de algum Zeus. Mas de Plateia falarei numa outra ocasião.






Alexandre Brandão da Veiga

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