terça-feira, 19 de junho de 2007

Ainda o suicídio

Decididamente ando numa fase mórbida. Depois do Dr. Morte apetece-me hoje voltar ao tema do suicídio. Não tanto para continuar a teorizar sobre o assunto mas para falar de um dos «suicídios» mais bonitos da história do cinema. Refiro-me à resignação seráfica com que Stefan Brand, aliás Louis Jourdan, avança para um encontro mais do que anunciado com a morte na magnífica sequência final do «Letter from an unknown woman» de Max Ophüls. Não existirão, repito, muitos momentos na história do cinema em que a aceitação pacificada da morte tenha uma expressão mais natural e mais cristalina. Até porque esta morte em Ophüls tem mais de reencontro do que de morte. Ou não fosse ela a única forma possível de reescrever um amor equívoco e sobretudo uma vida que, no curto espaço de uma carta de uma desconhecida, se viu cruelmente despida de qualquer sentido.
Mas não me adianto mais. Se há filmes que não podem ser contados, este é seguramente um deles. Deixo-vos, como Stefan Brand acabaria por deixar Lisa Berndle, na noite de todas as ilusões…

1 comentários:

Inez Dentinho disse...

O amor é mais forte do que a morte.