O Drama da Direita e o Triunfalismo da Esquerda
O drama da dita Direita, em Portugal e no mundo, é não ser, nem nunca ter sido, mais do que o que a dita Esquerda sempre entendeu conveniente a dita Direita ser. Aliás, tão redutor conceito político, só mesmo à dita Esquerda lembrar poderia. De qualquer modo, os ditos Philosophes venceram e desde então têm subjugado completamente a Civilização, com os resultados que, agora, todos estão vendo.
Em Portugal, o drama é mais grave apenas pelo facto de o dito Regime Democrático ter sufocado, in ovo, qualquer veleidade de haver Partido, Movimento ou fosse o que fosse, autónomo e distinto da Esquerda triunfante. Mal despontavam, tanto o Partido Liberal como o Partido do Progresso, logo se viram aniquilados sem que ninguém entre os ditos grandes defensores da liberdade, entre os quais o muito douto e ilustre futuro Presidente da República Portuguesa, o Dr. Mário Soares, se manifestasse minimamente incomodado com o assunto. Mais tarde, é certo, quando percebeu o perigo próprio que corria, depois do Dr. Salgado Zenha ter dado o alarme e o povo acima do Tejo ter dado o corpo ao manifesto, opondo-se resolutamente à ditadura comunista que, a pouco e pouco, se tentava implantar em Portugal, lá foi até à Fonte Luminosa em defesa, antes de mais, da sua sobrevivência que, naquele exacto momento, acessória e felizmente, coincidiu e correspondeu também à defesa de um suplemento de liberdade para Portugal.
Antes, porém, para que a democracia portuguesa não se afigurasse muito esquisita a olhos de terceiros, a Esquerda havia já convocado e mandatado o Dr. Freitas do Amaral para formar, como todos sabemos, o Partido da Direita, o futuro CDS, Partido do Centro Democrático e Social, ficando assim, para sempre, a dita Direita, se é que tem sentido usar tal expressão, completamente refém da Esquerda em Portugal.
Rememorando tais antecedentes, ninguém deverá ficar surpreendido quando verifica, hoje, constituir-se como primordial preocupação de uma certa Direita em Portugal, se tal expressão tem sentido, o reconhecimento da Esquerda. Afinal, hoje, como ontem, é, continua a ser concedida à Esquerda a prorrogativa única de determinar, julgar decidir, do alto da sua sempre muito autoproclamada autoridade moral, a quem Direito de Cidade assiste ou simplesmente atirado, no melhor dos casos, para o limbo da política deva ser.
Não por acaso, foi-nos dado o espectáculo de assistimos durante anos a sucessivas entrevistas do Dr. Álvaro Cunhal, na televisão, na rádio, na imprensa, como se a identificação entre os seus ideais de regime e sistema político e tudo quanto ao longo dos anos se passava e passou na dita União Soviética, não fosse senão cousa ténue, remota, quase inexistente. Praga? Não estava informado _ tanto quanto é dado saber, parece mesmo que o Dr. Álvaro Cunhal nunca chegou a ser exactamente informado o que se passou nem curiosidade teve de o averiguar. Estaline? Bem, talvez alguns excessos hajam sido isso mesmo mas, em qualquer dos casos, isso mesmo nunca poderia colocar em causa a bondade, como agora tolamente se diz, do marxismo-leninismo-estalinismo. E, não obstante, até um Dr. Paulo Portas à grande e extraordinária inteligência do Dr. Álvaro Cunhal não deixou de se vergar e respeitar, bem como à sua muito apregoada e enaltecida coerência!!!???...
Há, como é evidente, uma intrínseca contradição na alta consideração da inteligência de um Dr. Álvaro Cunhal porque, ou era realmente inteligente e coerente e há muito teria abandonado os ideais comunistas, um equívoco intelectual de princípio a fim, ou, não abandonando, ou a sua inteligência não subia às enaltecidas alturas ou então, subindo a sua inteligente a tais enaltecidos cumes, só uma intrínseca perversidade na mesma ou no seu carácter poderia explicar tal incoerência, mas, aqui, é claro, adeus ó não menos enaltecida coerência. Válido tanto para os Álvaro Cunhal de ontem como para os Louçã de hoje.
Sim, estamos todos, com certeza, a imaginar alguém a ser entrevistado na televisão, nas Grandes Entrevistas, no prime time, como dizem os entendidos, a louvar as virtudes do nacional-socialismo e, quando interrogado sobre Hitler, limitar-se a responder, muito calma e ponderadamente: «Bem, de facto excessos terá havido mas isso não coloca em causa a bondade do nacional-socialismo». Sim, estamos todos a imaginar: seria linchado à saída do estúdio?... E no entanto, em que é que os crimes de Hitler foram mais hediondos que os crimes de Estaline? Por terem sido mais connosco do que com outros?...
Ah!, evidentemente, é necessário ter cuidado com estas comparações. Muito doutamente, a União Europeia prepara-se para criminalizar quem, por palavras e obras, coloque em dúvida a verdade oficial sobre os crimes de genocídio praticados pelo nazismo, como já sucede em algumas das suas nações. Ou seja, a partir de agora ou num futuro próximo, vamos ter de passar a ler o Diário da república para aprendermos História, determinada, por suposto, em sede parlamentar.
Ideia peregrina? Por certo. A Esquerda não entende de facto o que a liberdade seja. Não são os crimes de genocídio praticados pelo regime hitleriano passíveis de prova histórica? Não se combatem as opiniões disparatadas sobre quaisquer factos históricos com argumentos e concludentes provas históricas?
Com certeza que sim. Mas o que a Esquerda menos compreende ainda é que os hediondos crimes de Hitler ou Estaline, entre outros, são-no, não apenas pelo exacto número de mortos nos Campos de Concentração Nacional-Socialistas ou Comunistas _ a determinação dos milhões é questão para historiadores _, mas, acima de tudo, pela prepotência, mais completo desrespeito pela inviolabilidade da vida humana, ódio à liberdade e absoluta negação da individualidade, sempre demonstrados. Os milhões podem implicar uma diferença de grau mas não de natureza. Por isso mesmo, independentemente dos milhões e das peregrinas decisões da União Europeia, ambos os regimes, entre outros, estão irremissivelmente condenados para todo o sempre.
E é a esta Esquerda que uma nova e certa dita Direita parece querer pagar tributo e prestar preitos de homenagem!... Tal como persiste um enigma a razão por que raio de carga de água são tanto nacional-socialismo de Hitler e o fascismo de Mussolini associados à Direita quando a origem de ambas as doutrinas radica afinal no Socialismo, exactamente no que é vulgarmente entendido como mais genuinamente de Esquerda, e, mesmo quando tal contradição se assinala, raramente se tiram as necessárias ilações?...
Enigmas!...
Mas deixemos por momentos a dicotomia Esquerda-Direita tão cara à Esquerda...
Como sabemos, existem três Regimes puros, Monarquia, Aristocracia e Democracia, e outros tantos Sistemas Económicos puros, se assim podemos dizer, Capitalismo, Socialismo e Liberalismo, podendo entre si combinar-se indiferentemente, ou seja, uma Monarquia tanto pode ser socialista, como capitalista, como liberal, assim sucedendo com os restantes regimes.
A Esquerda, presa do pensamento dicotómico ou dialético, próprio do pensamento pueril e ingénuo, não vai além da oposição entre capitalismo e socialismos, sem compreender, como capitalismo e socialismo não são senão como duas faces de uma mesma moeda, distinguindo-se, nas palavras de Von Mises, por os possidentes se tornarem poderosos, no primeiro caso, e os poderosos, possidentes, no segundo. No mais, mais talvez se aproximem do que se afastem.
Cousa distinta, o Liberalismo _ mas isso é mais difícil de compreender.
Entretanto, a nova dita Direita, presa da Esquerda, como Direita que à Esquerda convém, para usar expressão consagrada, presa está do mesmo pensamento pueril e ingénuo _ e hoje, tudo o que temos, sob o ponto de vista político, são discussões sobre graus de socialismo. Nada mais. Sob ponto de vista político e até sob outros pontos de vista, como o ponto de vista cultural, mas deixemos por agora essa questão porque, entretanto, o que sucede é estarmos a caminhar, mais ou menos alegremente, para o abismo, na expressão de Heidegger, para uma quase irremissível desolação do mundo. Mas não é necessário que assim seja, se houver uma nova dita Direita que entenda que há mais mundos além da estreita dicotomia Esquerda-Direita, pela Esquerda imposta, definida e determinada.
11 comentários:
Há muito tempo que não via um texto tão mal escrito, mormente com tantos erros grosseiros de pontuação.
É um esforço hercúleo perceber a mensagem do autor.
O vallores, como diria o professor Martello.
A comparação entre Hitler e Estaline, e as reacções politicamente correctas das mentes ortodoxas 60 anos depois da Segunda Guerra, são arrepiantes. Como diz o Gonçalo, o que aconteceria se alguém dissesse na TV sobre Estaline e o comunismo o que ouvimos dizer há 60 anos sobre Hitler e o nazismo? E no entanto estes dois monstros foram *iguais* na sua monstruosidade. Só para dar um exemplo, morreram três vezes mais pessoas no Gulag do que nos campos de extermínio nazis. Quantos programas ouvimos sobre o horror de Auschwitz, quantos sobre o horror de Vorkuta? A única diferença foi que Estaline venceu a guerra, e a História é escrita pelos vencedores.
A quem não se queira precipitar numa resposta irreflectida, recomendo a leitura de "Hitler and Stalin: paralell lives", de Alan Bullock (de 1952,mas ainda uma referência), "The dictators", de Richard Overy (existe em português), "Stalinism and nazism - dictatorships in comparison", de Ian Kershaw e Moshe Lewin, "Koba o Terrível", de Martin Amis, e "Gulag - a history", de Anne Applebaum. Só para citar referencias acessiveis.
Sobre Cunhal e Praga 68 não resisto a contar uma história verídica, embora em 2º mão (eu tinha 4 anos). Cunhal vivia em Praga, como se sabe. O que é menos sabido é que, vendo os checos ser a sua esmagada capital de forma impotente perante a invasao dos blindados russos, retiraram das ruas as placas com os respectivos nomes, de forma a gerar a confusão nas tropas invasoras. Mas um grupo ultra-ortodoxo que conhecia a cidade apressou-se a ajudar as tropas invasoras, indicando-lhes o caminho para os objectivos estratégicos. E a invasão foi im sucessao.
Entre eles? Álvaro Cunhal, o "segundo maior português de sempre".
Bom post, apesar de que como se vê pelo comentário acima do darth vader, para a esquerda o que vale num texto é a pontuação, e não as ideias expostas.
Isto é já o fruto do eduquês monopolizado pelo estado orwelliano em que vivemos.
É... faz lembrar a gramática e ortografia de uma certa prova de inglês...
Este texto é bem vindo, mas nunca percebi esta coisa de culpar os "outros" por aquilo que não se consegue fazer. Se calhar não há mais "direita" porque o produto não tem sido bem vendido. Seria isso que uma teoria económica sobre o sucesso das ideologias (ou sobre a criação de partidos políticos) ensinaria.
Declaração de interesses:
não sou de esquerda.
Declaração estilística: escrevo com os pés.
Apreciação: ainda assim, não me atreveria a postar uma banalidade reactiva desta ordem. Para isso já temos o João Miranda
Mas deixemos por momentos a dicotomia Esquerda-Direita tão cara à Esquerda..."
Há aqui uma contradição gritante entre esta frase e o resto do texto: o autor repete vezes sem conta as expressões esquerda e direita, fala na necessidade de as distinguir e acaba com o velho erro da segunda (a colagem do nazismo e fascismo ao socialismo, e não ao nacionalismo, espinha dorsal de tais movimentos). Uma análise apressada e com muitos paradoxos. Até porque dá ideia que há várias direitas e uma só esquerda.
Resta saber se o internacionalismo comunista não foi a máscara para a expansão do nacionalismo russo.
Quem escreveu esse texto foi o mestre Yoda de Star Wars?
Hehehe =D
Enviar um comentário