Greve parcial
Não ouso tomar partido nas patéticas guerras de números entre governo e sindicatos. Mas uma coisa me parece evidente: se a greve de ontem serviu para alguma coisa foi para tornar evidente que o país está absolutamente dividido e que é impossível por de pé um greve verdadeiramente «geral». De um lado está um sector público pesado e ineficaz incapaz de se reformar, resistente a qualquer mudança e que só encontra mesmo companhia nuns sindicatos que há muito perderam o norte e sobretudo a respeitabilidade. Do outro lado está um país (o único «país real» sem o qual mais nenhum país pode existir) asfixiado pelo peso insustentável de uns dos impostos mais altos da Europa que, a estar solidário com alguma coisa, é precisamente com as (poucas) medidas do governo que estão na origem da pseudo-greve de ontem.
Como é habitual, os sindicatos verão na falta da adesão à greve dos trabalhadores do sector privado insondáveis maquinações e terríveis pressões de um patronato sem escrúpulos. É pena. Se se libertassem dessa visão arqueológica do Mundo talvez tivessem um papel a desempenhar na discussão do futuro do país. Assim arriscam-se a tornar-se irrelevantes mais depressa do que imaginam.
1 comentários:
Estou plenamente de acordo. Os sindicatos até poderiam ter um papel na sociedade e na economia ( como o exemplo alemão, que conseguiram mediar negociações para a descida de salários/ aumento de horas de trabalho, e consequentemente viabilização de alguns sectores) mas como não são capazes ... fica apenas um peso e um engano para o inculto povo português que ainda acredita neles.
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