tag:blogger.com,1999:blog-14157382126842852.post6804034976248628077..comments2024-03-07T12:07:55.600+00:00Comments on Geração de 60: Vocação Atlântica de PortugalSofia Galvãohttp://www.blogger.com/profile/15699338974316145917noreply@blogger.comBlogger5125tag:blogger.com,1999:blog-14157382126842852.post-39935184408215413052008-02-25T03:14:00.000+00:002008-02-25T03:14:00.000+00:00A muralha alta e dura dos pirinéus separa-nos do i...A muralha alta e dura dos pirinéus separa-nos do inferno que é a Europa. Que rídiculo pressupor e invocar qualquer relação com essa gente continental para onde os castelhanos nos querem arrastar, condicionados que estamos a frágeis passagens a um e outro lado da cordilheira. (Sempre que aquela gente tem uma indisposição resolve impedir a passagem e lá ficam os nossos camionistas entalados.)<BR/>O mar é nosso, o continente é deles.<BR/>Deixemo-nos de parvoíces...<BR/>Gonçalo, nem Portugal é Continental, muito menos se situa naquele inferno que é a Europa com o cão de multiplas cabeças à guarda das suas portas no cabo de seu nome.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14157382126842852.post-48205166285366139922008-02-23T00:14:00.000+00:002008-02-23T00:14:00.000+00:00Agradeço os pertinentes comentários do Pedro Lains...Agradeço os pertinentes comentários do Pedro Lains, Gonçalo Pistacchini Moita e Pedro Norton que dão azo a tentar melhor explicitar quanto não terá ficado suficientemente explicitado ou explicado no texto inicial.<BR/><BR/>Portugal Continental situa-se na Europa. É uma simples evidência. Como nação europeia que sempre o foi também, Portugal não só nunca deixou de estar ligado, de um modo ou outro, aos destinos desse mesma Europa como, mais do que isso, a Europa Moderna é, antes de mais e acima de tudo, obra de portugueses. Nesse sentido, Portugal nunca deixou, como não podia nem poderá alguma vez deixar, de se relacionar com as restantes nações europeias. Mas sempre poderia e pode fazê-lo de dois distintos modos, tendo consciência e afirmando, consequentemente, a sua primordial vocação marítima ou travestindo-se em nação de vocação continental e procurar agir de acordo. O que não pode é tentar fazê-lo de ambos os modos em simultâneo, sob pena de funda esquizofrenia e completo dilaceramento, um pouco como sucede hoje, com os resultados que estão à vista. Ter Portugal uma primordial vocação marítima não significa um necessário e completo alheamento da Europa, como apagando-a dos seus actos e estratégia política, como se não existisse ou, pelo menos, possível fora viver em completo alheamento da sua situação geográfica. Tal loucura nada tem a ver com vocação marítima ou continental, teria apenas a ver com absoluto disparate.<BR/><BR/>Na verdade, a vocação de uma nação não pode, nunca pode, ser simultaneamente marítima e continental por ser contraditório em si mesmo, daí resultando inclusive uma das principais críticas deixadas ao texto do Alexandre Brandão da Veiga. Para se compreender a radical diferença, correspondente a dois diferentes modos de afirmação de um povo, dei o exemplo de Inglaterra e França, como poderia ter dado o exemplo de Portugal e Espanha e os óbvias e distintas formas de procedimento no que respeitou à conquista e colonização dos «novos mundos». Não por acaso o Brasil é hoje o Brasil e a América do Sul legada pelos espanhóis, é Cuba, México, Argentina, Colômbia, Peru, Chile, não valendo sequer a pena todos enumerar. Não há aí significativa diferença?<BR/><BR/>Com certeza, as nações, os povos, não têm uma unívoca e absoluta vocação marítima ou continental. Por vezes, ambas as vocações emergem num mesmo e simultâneo momento. Em tais circunstâncias, o choque, porém, é inevitável, como, infelizmente, bem o sabemos pela nossa História, aí residindo talvez até uma boa explicação para muitos dos mais dilarecentes e graves problemas vividos por nós ao longo dos séculos. Bastará talvez lembrar dois paradigmáticos casos como os de D. Henrique vs D. Pedro ou D. Francisco de Almeida vs D. Afonso de Albuquerque. Muito mais grave e fundo, na verdade, do que tão normal como sempre necessária afirmação de uma vocação marítima sem esquecer uma mesma indispensável afirmação na Europa. A questão, neste particular, reside apenas nos modos e visão de procedimentos em relação a tal afirmação.<BR/><BR/>Neste enquadramento, julgo o Pedro Norton poder agora compreender também um pouco melhor a minha posição. Embora se me afigure em parte legítima a sua dedução em relação às minhas reticências sobre o projecto de Integração Europeia, mesmo que eu tal não o tenha explicitamente afirmado. Está absolutamente certo quando afirma não ser a afirmação da nossa vocação atlântica incompatível com um projecto de Integração. É certo ter eu algumas reticências no que respeita ao projecto de Integração Europeia, sobretudo após a transmutação da Comunidade Económica Europeia na actual União Europeia, mas tais reticências não vêm agora ao caso. O que vem ao caso e defendo, como já deixei exposto noutros textos, é o perigo de sermos inexoravelmente destruídos nesse processo, até à mais completa irrelevância, se, entretanto, não tivermos uma real consciência da decisiva e crucial importância da afirmação plena da nossa primordial vocação atlântica e perdermos, de uma vez por todos, quaisquer veleidades de uma fatalmente fruste vocação continental.<BR/><BR/>Ora, encontrando no Pedro Norton também um estreme defensor da tese da nossa vocação marítima, secreta esperança tenho de o ver um dia defender também que, não sendo a nossa vocação marítima, em si mesma, incompatível com o projecto de Integração Europeia, dados os perigos inerentes para nós, portugueses, tal projecto só poderá ter sentido, uma vez mais, para nós, portugueses, se nunca esquecermos e sempre bem presente tivermos essa mesma vocação e os nossos correlativos interesse permanentes de onde decorre, vendo também como em causa está, nesta questão, verdadeiramente, Portugal como nação verídicamente indenpendente.<BR/><BR/>Ainda uma última palavra ao meu homónimo Pistacchini Moita. Pleno acordo: falta tornar Portugal em acto. Mas cuidado com o José Gil, típico estrangeirado à la Eduardo Lourenço, muito ilustradas, lidas e doutas personalidades que tudo compreendem e abarcam menos quanto Portugal é para ser. Mas isso, i.e., do destino transcendente de Portugal, de onde decorre também a sua vocação marítima como um dos meios para o cumprir, tema demasiado complexo se manifesta para o podermos tratar em duas penadas de displicente comentário. Todavia, fatalmente, ao mesmo teremos de regressar em breve. Sem dúvida.Gonçalo Magalhães Collaçohttps://www.blogger.com/profile/02415948444366908474noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14157382126842852.post-25293096218669311452008-02-22T11:12:00.000+00:002008-02-22T11:12:00.000+00:00Também a mim me parece que a vocação atlântica de ...Também a mim me parece que a vocação atlântica de Portugal não é minimamente incompatível com o projecto de integração Europeia. Muito pelo contrário é uma forma de Portugal continuar a afirmar a sua singularidade e independência no seio do projecto europeu.<BR/><BR/>Dito isto, e se me afasto do Gonçalo no que diz respeito à sua visão sobre a integração europeia, não lhe posso dar mais razão no que diz respeito à defesa da nossa vocação atlântica. Para não invocar mais argumentos deixo só este: Portugal tem uma área marítima sob sua jurisdição que é dezoito vezes maior que o seu território terrestre e que corresponde a grande parte do Mar da UE. Boa parte do Atlântico «é» Portugal. Negar este facto e esta vocação é, concordo em absoluto, um enorme erro económico, cultural e geoestratégico.Pedro Nortonhttps://www.blogger.com/profile/02887216222517601408noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14157382126842852.post-4209866676648647752008-02-22T10:30:00.000+00:002008-02-22T10:30:00.000+00:00Concordando um bocadinho com todos, concordo sobre...Concordando um bocadinho com todos, concordo sobretudo com o Pedro Lains (embora me pareça que o Alexandre não terá dito exactamente o que o Gonçalo Magalhães Collaço lhe atribui). As duas vocações, de facto, não são nem devem ser incompatíveis. Ao contrário, julgo mesmo que necessitam uma da outra se se quiser realizar Portugal. <BR/>Na verdade, a relação entre a Europa e o resto do mundo (relação que implica dois sentidos) deverá ser feita através de Portugal no que diz respeito ao mundo de expressão portuguesa. Portugal, melhor do que ninguém, poderá cumprir a tarefa de fazer comunicar (lato sensu) a Europa e os continentes americano, africano e asiático, através dos respectivos países de língua portuguesa. <BR/>Não o faz, porém, com o prejuízo de todos. E não o faz porque Portugal teima em não ser! E é nesse sentido que temos vergonha dos nossos governantes que, frente aos outros Estados, nos parece que se põem nos bicos dos pés (vergonha, na definição de Jean Paul Sartre, é um reconhecimento negativo de nós mesmos). <BR/>A questão da vocação de Portugal permanece, portanto, em boa parte, teórica, porquanto Portugal não é chamado para coisa nenhuma - com efeito, não se chama quem não é!<BR/>Agora, se decidirmos ser; se decidirmos pôr-nos a caminho; se decidirmos calçar com orgulho os nossos sapatos e afirmar-nos como centro do enorme mundo português... Ah!, então seremos chamados a cumprir essas duas vocações - e os que falam português, aquém e além mar, participarão com alegria na construção humana de um mundo melhor.Gonçalo Pistacchini Moitahttps://www.blogger.com/profile/03988918415932911840noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14157382126842852.post-80445526874028378612008-02-22T09:48:00.000+00:002008-02-22T09:48:00.000+00:00O Gonçalo e o Alexandre podiam todavia também cons...O Gonçalo e o Alexandre podiam todavia também considerar algo que para mim é cada vez mais evidente quando leio sobre períodos passados. As duas “vocações” não são mutuamente exclusivas, mas sim complementares. Na história económica isso é muito evidente, mesmo durante o Estado Novo. A retórica era uma e a prática outra, como bem se sabe hoje. Mas no século XIX, o mesmo se passava. Portugal estava cada vez mais ligado ao Brasil por via de emigração e à África, depois de Berlim, ao mesmo tempo que se esforçava por dar cartas na Europa. E se formos mais para trás, talvez conclusões semelhantes se possam retirar.Pedro Lainshttps://www.blogger.com/profile/12434516615762784276noreply@blogger.com